segunda-feira, 10 de março de 2008

Antígona

Tal como ocorrido com a análise da peça "Édipo Rei", a proposta de analisar a peça surgiu com uma encenação em classe. Novamente, não cabe aqui criticar a produção dos colegas, pois é muito fácil ser arquiteto de obra pronta (a crítica pela crítica), difícil é oferecer o corpo às pedras. Então o presente serve para resumir a questão levantada pelo autor da mesma (Sófocles) em mais uma de suas obras e cotejar com a Filosofia. Neste último ponto, o vislumbrar a tragédia com relação aos pensamentos filosóficos, vale ressaltar que tem de ser levado em conta a época em que foi feita e os ideais vigentes na sua gênese (senão se pode incorrer em imputar construções que não haviam à época).
Antígona também é uma obra teatral de gênero tragédia, escrita por Sófocles. A presente peça é a terceira parte da saga de Édipo e sua família, em que a primeira etapa se dá em "Édipo Rei", a segunda "Édipo em Colono" e a terceira, e última, "Antígona". Tal qual as criações anteriores, sua idealização foi para performances a céu aberto em locais da Polis, com o advento da imprensa (muitos séculos depois) a forma impressa foi possibilitada, e configura a maneira de maior difusão de sua estória atualmente.
A personagem principal, Antígona, é filha de Édipo e Jocasta (esposa e mãe de Édipo). Irmã de Ismênia, Etéocles e Polinice. Na primeira etapa de sua existência, em "Édipo Rei" esta é uma jovem que presencia a desgraça do pai e recebe deste conselhos no ápice do drama existencial do uma vez rei. Já no segundo momento, em "Édipo em Colono", a heroína serve de guia para o pai cego e com este permanece até o momento da morte dele. No trato da terceira fase da grande tragédia cabe um relato mais pormenorizado.
O desenvolvimento da estória segue o caminho do retorno de Antígona à Tebas. Com o banimento e morte da figura paterna, ela necessita lutar contra a autoridade opressora do novo rei e seu tio, Creonte. No seu retorno, esta encontra seu irmão, Polinice desacreditado e rotulado de traidor (dada a disputa de seus irmãos pelo trono). A pena de traição impossibilitava o enterro do falecido, bem como os ritos de luto apropriados. Por amor a seu irmão esta se rebela contra o decreto real e vela o corpo do irmão, mas não consegue a permissão de enterro. Com muitas disputas e articulações, o filho do Rei, Hêmon, consegue a autorização, porém é tarde, Antígona (seu amor e prometida esposa) cometeu suicídio. Este, transtornado, também tira sua vida. A reação em cadeia não termina, Euridice, mulher de Creonte, ao saber do falecimento do filho por reflexo dos atos do marido, também se mata. Creonte é acometido pelo terror, fruto de sua própria arrogância, intransigência e autoritarismo. Com a falta de foco nas suas ações este percebe que pôs a cidade em perigo, é o ato que coroa a danação dirigida a Creonte.
Ponto que chama a atenção é a forma de como Creonte conduz o Estado, e destaca-se a frase: "Será que não percebem que o Estado é de quem manda?" Em ser a inflexão de caráter uma fonte de destruição. E indesejável para o dirigente da nação.
Por fim, as lições da peça no tocante à Filosofia se encontram principalmente voltadas ao conflito de interesses de personagens e disputa de poder. Entretanto, dos elementos tratados, a agonia, o amor e a moral, vê-se que são conceitos trazidos à baila para tecer um ideal de relacionamento interpessoal pretendido, e há, incluso nesta peça, também, o fim pedagógico das obras gregas (em que os valores morais desejáveis são ressaltados e os indesejáveis apontados e criticados).

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