sexta-feira, 28 de março de 2008

Visão de Grupo sobre Nietzsche e Sanidade

A frase inspiradora da sexta

"Desculpa é como cu, todos tem."
Sargento Red O'Neil, personagem do filme Platoon (filme de Oliver Stone).

Uma atividade ímpar, desenvolver um filme

Grupo B – 52
Roteiro para o filme

Tema: Filosofia como instrumento/ferramenta do autoritarismo

Anotações:De início conceituar autoritarismo, e provocar um pensamento filosófico como suporte para o anterior. A intenção é mostrar o grau de envolvimento com a violência e a legitimação de atitudes.

Duração:
50´Divisão do tempo de duração em 6 partes:
1. Introdução; (0´ a 5´)
2. Antiga; (5´ a 10´)
3. Medieval; (10´ a 20´)
4. Moderna; (20´ a 30´)
5. Contemporânea; (30´ a 40´)
6. Conclusão. (40´ a 50`)

1. Desenvolvimento de conceitos (igualdade, tolerância, justiça...)
Anotações:Do percurso para as formas de governo, e como a guerra foi utilizada neste viés (John Keegan). Bem como os conceitos necessários.
2. Antiga Anotações:Mostrar as formas de governo de Platão (A República) e, também, a distinção das pessoas existentes. Cortejar com Aristóteles e suas dietas voltadas para o aperfeiçoamento do modelo de ser humano, mais a perspectiva imperial romana de Marco Aurélio.
3. Medieval Anotações:Religião e Estado. Mostrar como as ordens guerreiras deixaram suas marcas com a batalha por Jerusalém (Templários). * Tomás de Aquino e Política.
4. Moderna Anotações:Os avanços tecnológicos justificados pela mudança de mentalidade. A constituição dos impérios e a seqüência na diferenciação humana presente na Grécia.
5. Contemporânea Anotações:“E com os meus atos eu dou a luz ao século XX.” (Atribuída a Jack, o estripador. No filme do J. Depp)Trazer os ideais que fundaram os movimentos extremistas que desencadearam a Primeira e a Segunda Grande Guerra Mundial. Fazer claras referências aos filósofos da época em questão.
6. Conclusão Anotações:Mostrar a evolução dos conceitos, e como a filosofia foi utilizada para justificar outros conceitos (intolerância, violência, Estado, ...). Bem como o autoritarismo já se valeu e ainda se vale de ideologias e a própria filosofia (Hugo Chávez e Evo Morales).

Material de apoio:
Livros - obras dos filósofos, mais o de John Keegan, mais alguns de História;
Filmes de Guerra (Platoon, Apocalypse Now, Hotel Ruanda...);
Outros filmes - Lista de Schindler; Forest Gump; O Pianista.

Proposta do Caderno de Atividades:Frente ao público o qual o vídeo é destinado (aluno de ensino médio), o caderno tem o fim de sedimentar os conceitos fundamentais e como eles se relacionam.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Frase desta Quinta

"Aqui, devido processo legal é uma bala."
Cel. Kirby, personagem de John Wayne em Os Boinas Verdes.

Mais uma vez Terapia com Filosofia


Nomes do alunos que elaboraram o presente exame:
Hugo A. Lemes
João Antonio Ferreira Gusi
Juliana Eluize Kureke
Petter Pablo Hübner
Veronice do Couto


A obra a ser analisada é:
PEREZ, Daniel Omar – Filósofos e terapeutas: em torno da questão da cura. São Paulo: Escuta, 2007. 274p.
O autor é licenciado em filosofia pela Universidade Nacional de Rosário (Argentina), mestre e doutor em filosofia pela Unicamp. Atualmente é professor no curdo de licenciatura em filosofia da PUC-PR (Curitiba). Autor de “Kant pré-crítico” (1998) e “Iniciação à filosofia” (2006); organizou “Ensaios de filosofia moderna e contemporânea” (2001) e “ Ensaios de ética e política” (2002). Publicou capítulos de livros e artigos de filosofia em revistas especializadas e ministrou conferências no Brasil, Espanha, Argentina, Chile e México.
Bem-estar. A temática ronda esta palavra, e para tanto trabalha com terapia, cura e filosofia.
Nos objetivos se vê a preocupação com a linha do tempo, mostra as diversas feições da relação sanidade do ser e filosofia.
Disto, trata-se de uma apresentação dos pontos considerados expressivos contidos na “Introdução” da obra em questão.
Ao vislumbrar o título de uma apresentação do livro, a pessoa é levada a pensar que apresentará o conceito de cura, a problemática envolvendo a definição anterior, a visão dos filósofos sobre cura com subseqüente enfoque dos terapeutas e, findando, com uma proposta de realidade desejada.
Porém o objeto de análise (livro) surpreende. Pois mostra o que o professor, o filósofo e o médico possuem em comum, bem como oferece pistas históricas disto.
Na esteira do fluxo da história a exposição pinça momentos que a atitude terapêutica conhecide com o pensar filosófico.
Cura no início está relacionado ao modo de vida, mas, ao final da exposição, conhecide com terapia. A prática reflexiva configura modo de ser, uma conduta de agir. Logo, filosofia englobava o conceito de cura. Ao contrário do que se deu com os conceitos anteriores, filosofia e cura se distanciaram.
Cuidar de si visando o bem-estar está, a muito tempo, preocupando o homem e, conseqüentemente, a Filosofia.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Filhos da Esperança, um ponto de vista.



Trazido como algo além do que os olhos captam no primeiro plano, o filme Filhos da Esperança (Children of Men, no original) seria veículo de diversas digressões filosóficas. Tal afirmação se vê reforçada pelo vídeo postado (no site http://www.youtube.com/) pelo pensador esloveno Slavoj Zizek.
O filme conta como um mundo em colapso espera o seu fim. Porém um evento muda a situação. Em um pedido inusitado o herói (Theo Faron, interpretado por Clive Owen) se vê envolvido no transporte de uma imigrante ilegal. Mas um novo degrau é aguardado para este, a mulher é a primeira grávida em 18 anos. Em meio a um desvirtuamento do movimento que assistia a transferência da mulher, há a intenção de usá-la como ferramenta política. Depois de muitos percalços o futuro pode ser vislumbrado ao final.
Com isto, poderia apontar como idéias do filme relacionadas com Filosofia a esperança, avanço cultural (mítica incluída) e moral.
A esperança se vê presente, e a conseqüente ação, toda a vez que a possibilidade de vida surge.
Já no campo cultural, tecnológico e social não se constata grandes avanços. Mesmo ambientado em 2027, pouca diferença é percebida com o ano da produção (2006). E tal fato foi intencional para o diretor por uma vez que as pessoas não possuem motivos para perseverar, pouco de novo será acrescido no campo sócio-cultural e no científico. Quanto à mítica, está nos nomes e alusões feitas no decorrer do enredo (o barco amanhã, a grávida brincando ser virgem, peixes, o caminho do herói) sem maiores intencionalidades de questionar os dogmas.
Moral é referente ao trato de um ser humano com outro. Como os cidadãos possuem privilégios que os refugiados não possuem. A temática pode ser vista no diálogo antes da eleição da nova liderança, em que uma vez o governo sabendo da criança de uma refugiada, iniciaria o dialogo para determinar se refugiados são gente. A conduta do valor do indivíduo é levantada nesta esfera.
Pelo vídeo citado no primeiro parágrafo, Zizek expõe que o melhor entendimento do filme está no pano de fundo, que a mensagem consta neste pano de fundo. Que este fundo é uma prisão para a esperança do herói. Onde os atos de alguns são depravação do real, e aí fazendo alusão às obras de arte, ou seja, atos isentos de sentido. Assim, pelo fundo abordar os temas de imigração, a tradição e a decadência cultural pós-68. No tocante à metáfora do barco, em este representar o estado de coisas, sem raiz, é deveras forçoso.
Contudo a visão do autor está um pouco mais ampla que o realmente mostrado. Pois, dada a sua formação psicanalítica, em especial na raiz lacaniana, há a busca por certos arquétipos existentes na construção de mentalidade. Extrapolando as temática da esperança e da mítica, incluso alargando os limites para abarcar questões de fertilidade (ante sexualidade conexa com fertilidade ser ponto apenas figurativo na fala dos personagens ao tratar de alguns eventos da história pessoal de cada um deles), não sendo em nenhum momento tratado sob todos os holofotes, mesmo sob o prisma da infertilidade espiritual (há messiânicos retratados na praça, há árabes engajados, etc...). Dar ênfase à sexualidade neste filme seria o mesmo que estabelecer construções pormenorizadas sobre o Estado de polícia que se instalou no ambiente do filme, outro figurante frente a "questão vida".
Pelo exposto, a película cativa pela dinâmica das imagens, em que tanto as pessoas de figuração como o ambiente exercem sua pressão nos personagens. O embate entre os planos da ação reflete a temática da estória, em que os segregados tentam a todo momento integrar a sociedade que os rejeita. O mais irônico é que no decorrer da trama não é o fundo de tela que passas ao primeiro plano, mas sim os heróis que, para sobreviver, são alijados para a paisagem, eles devem ter uma diminuição de status social para viver (e ter a chance de cumprir a jornada pretendida). Extraído este elemento, nota-se que a temática central (onde a aceitação, inclusão, discriminação, é tema secundário) é o sentido de finalidade da vida (propósito) e como esta se relaciona com conceitos como esperança, tolerância e barbárie. Da situação de caos pela impossibilidade de nova vida e do esforço ao perceber a chance de futuro, o que fica da experiência do filme é: que só se pode haver uma vida (satisfatória, feliz, ...) se há esperança (de futuro, continuidade, ...), e a esperança só é ativa com a projeção de vida. Ou seja, vida e esperança estão interligados, só pode haver um com o outro.

Fala de um verdadeiro cascudo.

"Como arame farpado. Mijo napalm. E acerto a bunda de uma mosca a 300 jardas."
Sgt. Highway, personagem de Clint Eastwood, em O Destemido Senhor da Guerra.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Outro Comparativo




"Pensador" de Auguste Rodin, estátua famosa no mundo da Filosofia, porém muito batida. Então, aqui nós substituímos por algo tão representativo quanto: Rei CONAN. Além da postura possibilitar as mesmas metáforas da obra de arte, o sujeito detona o mundo antigo e é dono de uma espada destruidora.

Antígona

Tal como ocorrido com a análise da peça "Édipo Rei", a proposta de analisar a peça surgiu com uma encenação em classe. Novamente, não cabe aqui criticar a produção dos colegas, pois é muito fácil ser arquiteto de obra pronta (a crítica pela crítica), difícil é oferecer o corpo às pedras. Então o presente serve para resumir a questão levantada pelo autor da mesma (Sófocles) em mais uma de suas obras e cotejar com a Filosofia. Neste último ponto, o vislumbrar a tragédia com relação aos pensamentos filosóficos, vale ressaltar que tem de ser levado em conta a época em que foi feita e os ideais vigentes na sua gênese (senão se pode incorrer em imputar construções que não haviam à época).
Antígona também é uma obra teatral de gênero tragédia, escrita por Sófocles. A presente peça é a terceira parte da saga de Édipo e sua família, em que a primeira etapa se dá em "Édipo Rei", a segunda "Édipo em Colono" e a terceira, e última, "Antígona". Tal qual as criações anteriores, sua idealização foi para performances a céu aberto em locais da Polis, com o advento da imprensa (muitos séculos depois) a forma impressa foi possibilitada, e configura a maneira de maior difusão de sua estória atualmente.
A personagem principal, Antígona, é filha de Édipo e Jocasta (esposa e mãe de Édipo). Irmã de Ismênia, Etéocles e Polinice. Na primeira etapa de sua existência, em "Édipo Rei" esta é uma jovem que presencia a desgraça do pai e recebe deste conselhos no ápice do drama existencial do uma vez rei. Já no segundo momento, em "Édipo em Colono", a heroína serve de guia para o pai cego e com este permanece até o momento da morte dele. No trato da terceira fase da grande tragédia cabe um relato mais pormenorizado.
O desenvolvimento da estória segue o caminho do retorno de Antígona à Tebas. Com o banimento e morte da figura paterna, ela necessita lutar contra a autoridade opressora do novo rei e seu tio, Creonte. No seu retorno, esta encontra seu irmão, Polinice desacreditado e rotulado de traidor (dada a disputa de seus irmãos pelo trono). A pena de traição impossibilitava o enterro do falecido, bem como os ritos de luto apropriados. Por amor a seu irmão esta se rebela contra o decreto real e vela o corpo do irmão, mas não consegue a permissão de enterro. Com muitas disputas e articulações, o filho do Rei, Hêmon, consegue a autorização, porém é tarde, Antígona (seu amor e prometida esposa) cometeu suicídio. Este, transtornado, também tira sua vida. A reação em cadeia não termina, Euridice, mulher de Creonte, ao saber do falecimento do filho por reflexo dos atos do marido, também se mata. Creonte é acometido pelo terror, fruto de sua própria arrogância, intransigência e autoritarismo. Com a falta de foco nas suas ações este percebe que pôs a cidade em perigo, é o ato que coroa a danação dirigida a Creonte.
Ponto que chama a atenção é a forma de como Creonte conduz o Estado, e destaca-se a frase: "Será que não percebem que o Estado é de quem manda?" Em ser a inflexão de caráter uma fonte de destruição. E indesejável para o dirigente da nação.
Por fim, as lições da peça no tocante à Filosofia se encontram principalmente voltadas ao conflito de interesses de personagens e disputa de poder. Entretanto, dos elementos tratados, a agonia, o amor e a moral, vê-se que são conceitos trazidos à baila para tecer um ideal de relacionamento interpessoal pretendido, e há, incluso nesta peça, também, o fim pedagógico das obras gregas (em que os valores morais desejáveis são ressaltados e os indesejáveis apontados e criticados).

Comparativo entre frases de personagens do Stallone



"Podia ter matado todos. Podia ter matado você. Na cidade você é a lei, mas aqui fora eu sou a lei".

John Rambo, em Rambo: Programado para Matar.


"Eu sou a lei".

Juiz Dredd, em O Juiz.

sábado, 8 de março de 2008

Édipo Rei

A proposta de analisar a peça surgiu com uma encenação em classe. Não cabe aqui criticar a produção dos colegas, pois é muito fácil ser arquiteto de obra pronta (a crítica pela crítica), díficil é oferecer o corpo às pedras. Então o presente serve para resumir a questão levantada pelo autor da mesma (Sófocles) e cotejar com a Filosofia. Neste último ponto, o vislumbrar a tragédia com relação aos pensamentos filosóficos, vale ressaltar que tem de ser levado em conta a época em que foi feita e os ideais vigentes na sua gênese (senão se pode incorrer em imputar construções que não haviam à época).
Édipo Rei é uma obra teatral de gênero tragédia, foi escrita por Sófocles e a primeira apresentação ocorreu próxima do ano de 430 a.C., sua idealização foi para performances a céu aberto em locais da Polis, em que com o advento da imprensa (muitos séculos depois) ganha a forma impressa muito difundida atualmente.
O desenvolvimento da estória segue o liame da tentativa de solucionar o evento da morte do rei que precedia Édipo no trono (Láio). Todavia toda a trama já estava delimitada antes do ínicio dos eventos abordados no trabalho de Sófocles. Começa a apresentação da trama com Édipo já rei, e a sua cidade de Tebas é atacada por uma praga. Édipo que já havia derrotado a Esfinge com seu intelecto crê que pode solucionar o problema. O sábio Tirésia aconselha a não tentar, mas a vaidade fala mais alto. Com a busca pela resposta oráculos são consultados e velhas previsões são trazidas a tona. Na solução das previsões que redundam no caos da cidade, o rei descobre seu real passado. Com as conclusões, a mãe/esposa de Édipo se mata, o terror engloba o herói e este crendo indigno da morte se cega.
Determinismo é um ponto que já permeava a cultura grega desde o surgimento das figuras das Parcas (seres que no nascimento tecem a linha da vida de cada pessoa, ali contendo os feitos e desgraças da existência desta). Este aspecto se encontra na obra, pois mesmo com a fuga de Édipo de Corinto para Tebas, este realiza o seu destino, todos os passos tomados só servem para concretizar a previsão. O problema que surge do determinismo é a questão sobre a existência de livre arbítrio (liberdade), mesmo em toda a cadeia de eventos há ainda um esboço de escolha para as personagens. Isto é verificado no tocante a Laio por ser o oráculo a ele dirigido constante dos seguintes termos: "Se Laio tiver um filho, o filho o matará e desposará a própria mãe". A opção, a escolha, foi dada a Laio, se este escolher ter um filho e se o tiver a tragédia recai sobre sua casa. Há o condicional, há a parcela de possibilidade, remota, mas há.
A metáfora dos olhos. Aqui se vê outro ponto da mentalidade grega. Os olhos são o veículo do conhecimento do mundo. Mesmo com filósofos como os Pré-socráticos os olhos são o meio para tentar desvendar o mundo, ou seja, ligados ao conhecimento, à sabedoria. Ao se cegar Édipo, que antes se considerava o solucionador de charadas, admite nada saber sobre si mesmo, assim indigno da vista, a via do conhecimento.
Por fim, as lições da peça no tocante à Filosofia se encontram, além do determinismo e das implicações da visão, voltadas ao conflito de interesses de personagens e disputa de poder (elementos de Filosofia Política). Entretanto, não são elementos tratados há fundo, pois a segmentação da Filosofia Política como ramo da Filosofia só se dá séculos mais tarde, só há o famoso fim pedagógico das peças gregas, em que os valores morais desejáveis são ressaltados e os indesejáveis apontados e criticados.

Frase do Dia


"Trouxeram armas? Se não trouxeram, vocês não vão mudar nada".

John Rambo, em Rambo IV.

O Estoicismo de Marco Aurélio no filme "Gladiador"


O filme "Gladiador" foi uma tentativa de Hollywood em reavivar um estilo de cinema deixado de lado por anos, os Épicos. Para gerar uma estória coerente e cativante, os roteiristas se valem da máxima expressada ao Padre Merin (de "O Exorcista"), em que a mentira mistura com a verdade é de difícil detecção. Assim, o enredo da obra vislumbrada mistura fatos históricos com fictícios, e tudo chega apenas a um lugar: a criação de um novo clássico, um novo épico.
Ponto de enfoque aqui intentado com relação à película é como tratam o Estoicismo. Com isto, o desenvolvimento adotado será apresentar as idéias gerais desta escola de pensamento, como os ideais estóicos se encontram nas Meditações (obra escrita pelo Imperador Marco Aurélio), e a maneira pela qual a estrutura cinematográfica analisada traz a figura de Marco Aurélio, bem como seus ensinamentos.
Estoicismo foi uma escola filosófica da Era Helenística (inaugurada por Alexandre, O Grande) recepcionada pela tradição romana que pregava ser o logos (razão) só alcançado pelo pensamento claro e descompromissado. O modo de conseguir um raciocínio claro era pelo auto-controle, apenas pela contenção das vontades, pela superação dos sentimentos destrutivos, poderia ser encontrada a verdade e a felicidade. Destaque, além do controle emocional, é a ênfase dada a vida nas cidades (vida em comunidade, o cosmopolitismo), em que as pessoas deviam viver em irmandade, reconhecer os outros como irmãos independente de origem (nisto incluindo até os escravos). Ícone conceitual também presente nesta linha de pensamento é o determinismo, em que a vontade do sujeito deve se adequar ao mundo em que vive e sua função na mecânica da realidade.
As idéias contidas nas Meditações de Marco Aurélio surgiram com linha mestras para o próprio escritor usar como ferramentas na aproximação dos objetivos estóicos. A questão central da obra reflete em muito os intentos da escola a que pertence por focar no controle emocional e futilidade do materialismo. Frase que coroa os objetivos é: "Nunca considere alguma coisa como boa se trai a verdade ou te faz perder o senso de vergonha ou te faz mostrar ódio, suspeita, má vontade ou hipocrisia ou ainda um desejo de coisas belamente feitas por detrás das portas".
Já no contexto de "Gladiador" o Imperador Marco Aurélio se mostra muito menos estóico do que o real governante-pensador romano. Um dos elementos que corroboram tal afirmativa é a preocupação em como será lembrado depois de sua morte, antítese à escola a que pertence, pois nela consta o determinismo, em que cada indivíduo está no mundo para um propósito e não se deve preocupar com isto (deve até achar a felicidade com esta condição). O momento em que é externado o ideal estóico se encontra no diálogo do pai Marco Aurélio com o filho Cômodo sobre a lista de virtudes, lista em que figuram valores como Sabedoria, Justiça, Fortitude e Temperança. Ressalta-se Temperança, o controle dos impulsos, real alicerce do estoicismo.
De todo o exposto, o estoicismo é apenas um traço sutil na estória de "Gladiador" porque há a preocupação constante com a imagem a ser deixada para o futuro, bem como a vontade superando os deveres. O personagem que mais mostra as cores da escola estóica é Maximus, depois das provações contidas no filme, quando, finalmente, este aceita o trabalho que lhe é proposto no início (entregar o poder romano imperial novamente para o povo/Senado), seu dever, sua função no mundo, e com o contentamento pela execução da tarefa.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Considerações sobre a introdução do livro "Filósofos e Terapeutas".

A obra a ser analisada é:
PEREZ, Daniel Omar. Filósofos e terapeutas: em torno da questão da cura. São Paulo: Escuta, 2007. 274 p.
Trata-se de uma apresentação dos pontos considerados expressivos contidos na Introdução da obra em questão.
Ao vislumbrar o título do livro a pessoa é levada a pensar que apresentará o conceito de cura, a problemática envolvendo a definição anterior, a visão dos filósofos sobre cura com o subseqüente enfoque dos terapeutas e, findando, com uma proposta de realidade desejada.
Porém o objeto de análise (livro) surpreende. Pois mostra o que o professor, o filósofo e o médico possuem em comum, bem como oferece pistas históricas disto.
Na esteira do fluxo da história a exposição pinça momentos que a atitude terapêutica conhecide com o pensar filosófico. O modo em que os pitagóricos valeram-se da matemática (fundamento do fazer filosófico destes) como medicina, o estilo (de vida de cachorro) dos cínicos objetivando o bem-estar, a medicina hipocrática aplicada como ideal de vida, a ausência cívica epicurista para afastar os males e obter a felicidade, a forma peculiar de aliar religião e cura ("terapeutas do deserto" e o embate bruxas-Igreja), a volta do dito délfico (Conhece-te a ti mesmo) por Rousseau, e a arte curativa institucionalizada (com a contraparte rotulada de charlatã).
Do exposto, fica o traço marcante da impensável conhecidência entre as práticas de cura e a filosofia. Que mesmo na negativa do estudo formalizado, ou desconhecimento, esta conhecidência sempre se fez presente em expoentes do pensar por ser o "evitar males", "achar a felicidade" e "obter a cura" um anseio humano, e nada mais natural que ao vislumbrar a condição do indivíduo esbarre com o tema abordado.

Frase do Dia

"Quando se é provocado, matar é tão fácil quanto respirar".
John Rambo, em Rambo IV.

Ensaio sobre a Origem da Filosofia

A Filosofia tal como é conhecida hoje recebeu seus contornos a mais de 2500 anos. O que aconteceu com esta no decorrer das eras foi a perda de ramos seus, tal evento resultou que para estes ramos, uma vez independentes, constituíssem um veículo de estudo autônomo. Exemplo disso são ciências na configuração atual como a psicologia e a biologia. Mesmo perdendo focos de reflexão seus para a formação de outros estudos, a Filosofia mantém comunicação com focos característicos, leia-se Lógica, Ética, Estética, Metafísica e Filosofia Política.
Mesmo exposto as mudanças de realidade que a Filosofia experimentou, ainda falta uma pergunta: "Como surgiu a Filosofia?" Tentar responder esta pergunta é o objeto do presente texto. Tentativa ousada, mas possível frente a diversos estudos já feitos. O real desafio fica com a adoção de uma forma que não seja enfadonha e extensa.
Antes de se pensar e fazer Filosofia, como o homem questionava o mundo? Como o indivíduo tentava explicar a sua existência e os diversos fenômenos que aconteciam a sua volta? Estas duas perguntas são o devido ponto de início para se buscar a origem da Filosofia.
Aqueles mais questionadores, na ânsia de buscar respostas para perguntas existenciais, realizaram ferramentas para suprir lacunas de argumentos, e estas foram a explicação pela via divina. Ou seja, quando a resposta esbarrava em uma barreira de elucidação, a época, intransponível, o interlocutor fundamentava em um Deus. Assim, deuses eram criados pela imaginação dos homens a todo o momentos. Com isto, o cada rio era um Deus, o vento era um Deus, o tempo era um Deus... Fenômenos meteorológicos...deuses também, e não só na cultura grega, mas em várias culturas antigas, por exemplo, o Zeus grego (Deus que manipulava raios e trovões) possuía uma contraparte nórdica em Thor, o Deus grego Hélios tem similar com Rá egípcio.
Em um dado momento a justificação por deuses se tornou insuficiente. Deste instante histórico, o ser humano tenta um elemento novo para a equação da resposta para a realidade. O novo alicerce é a razão.
Todavia a razão não rompe com a cultura vigente, ela não afasta a crença nos deuses, apenas aumenta a distância da atuação divina. Assim não cabe mais dizer que a folha caiu porque um Deus quis, porém foi a ação do vento na folha que resultou a queda, o Deus apenas criou o vento.
O primeiro passo filosófico foi dado pelo conjunto de pensadores chamados pela tradição acadêmica de Pré-socráticos. Tal rótulo agrupa pessoas e idéias muito distintas, e pode parecer equivocado a primeira vista, mas tem a sua razão de ser frente ao marco filosófico que caracterizou a figura de Sócrates. Expoentes dos Pré-socráticos são Pitágoras, Tales de Mileto, Anaxímenes, Anaximandro, Parmênides, Heráclito, Zenão, Empédocles, Anaxágoras, Leucipo e Demócrito. Mesmo na classificação Pré-socráticos outras divisões são permitidas.
Pitágoras (expoente da escola pitagórica, subclasse das escolas italianas) iniciou os questionamentos pelo estudo da harmonia contida na matemática e na música, e com isto estendeu o raciocínio da harmonia para a explicação de mundo/realidade.
A outra escola italiana é a eleática. Nesta o ápice se dá com Parmênides, e tem a tradição seguida por Zenão (que acresce a teoria da unidade do ser do anterior com a multiplicidade de argumentos/paradoxos). Parmênides justificava o mundo pela atribuição das seguintes características ao ser: unicidade, imutabilidade e eternidade.
A filosofia feita na Jônia possuía vertentes que englobavam reflexões ímpares como as de Tales e de Heráclito.
Tales de Mileto buscou as respostas na natureza (physis), e na busca do princípio natural da origem chega ao elemento natural água como fonte das demais coisas. Tal conclusão se justificava pela adaptabilidade da água aos diversos vasilhames.
Heráclito surgiu como contraponto a Parmênides. Sua construção era no sentido de que tudo muda, o mundo, as coisas, a realidade são como o ser. E para este o ser é plural, mutável e corrompível (antônimo de eterno). O resgate de Nietzsche das idéias de Heráclito nos mostram as metáforas do fogo e do arco/lira. O fogo em Heráclito era a qüintessência das coisas, pois reflete o dinamismo, o mesmo fogo que destrói será aquele que gerará ou manterá a vida pelo calor. Já a questão do arco e da lira é a harmonia entre extremos, como os opostos são necessários para o funcionamento da realidade (o tencionamento como gerador de energia).
As escolas da pluralidade recepciona os ideais de Empédocles, Anaxágoras e os atomistas (Leucipo e Demócrito). Empédocles tentava conciliar os estudos de Heráclito e Parmênides e tal o fez pela utilização das raízes. Já Anaxágoras avança pela utilização dos argumentos do Nous (mente, espírito, que possui os atributos ilimitado e autônomo) e das sementes, em que estas formam a mistura inicial e aquele atua nesta ordenando-as para formar a realidade sentida pelas pessoas. Já os atomistas diziam haver substâncias mínimas e indivisíveis que ao se relacionar constituem o mundo, a superfície da percepção muda pelo movimento atômica, mas a base da existência é fixa.
Após este grupo de pensadores um homem foi marco em História da Filosofia: Sócrates. Por seus embates com os sofistas (homens que calcavam a análise pelo filtro do homem), pontos especiais viraram tradição em Filosofia. São a questão da alma e das idéias originais. A alma socrática não é aquela que advém de uma doutrina religiosa, porém é a alma questionadora, aquela capaz de perguntar e entender a resposta recebida (isto difere o homem dos demais animais). Já as idéias originais são revisitadas por seu pupilo Platão.
Platão intenta a justificação do mundo pela divisão entre Mundo das Idéias (formas) e Realidade. O conhecimento só pode avir do exame das idéias (fixas, imutáveis, eternas e perfeitas), pois a realidade é imperfeita. E com a criação da Academia, Platão, além de estabelecer um veículo para disseminar seus pensamentos, também estabelece um local para o fazer filosófico. Se há a possibilidade de fixar um momento para a origem da atividade filosófica como a conhecemos a fundação da Academia (cerca de 387 a.C.) é este.
A tradição ainda traz Aristóteles como continuador deste fazer filosófico com o seu Liceu. Entretanto Aristóteles diverge de Platão, pois para o primeiro a busca deve se dar no sensível para se chegar a regra geral e com isto se chegar ao bem, verdade.
Os romanos mantiveram a tradição grega e passaram o bastão para a próxima era (Idade Média), e seus representantes: os intelectuais. E só com este desenrolar histórico a atualidade pode experimentar os questionamentos e o saber filosófico desenvolvido.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Um auxílio para pensar "Tróia" e "Odisséia"



Imagem do mundo conhecido para civilização grega. Esta é uma reconstituição baseada na obra de A. & M. Provensen, criada por J. Werner Watson, em L'Iliade et L'Odyssée (éditions des deux coqs d'or, 1956). Pode ser vista em sites como o Wikipedia.
O mapa dá uma idéia da viagem dos gregos para Tróia, e, em especial, pode-se ver o quanto Ulisses/Odisseu vagou até concluir sua jornada.

Frase do Dia

"Viva por nada ou morra por alguma coisa".
John Rambo, em Rambo IV.

Critica do Filme "Odisséia"

Para melhor compreender a crítica, segue-se o seguinte padrão. Primeiro, apresenta-se o conteúdo do filme. Depois faz-se a crítica em si do filme, e tal crítica não será arbitrária, será pelo cotejar de passagens do filme com elementos filosóficos.
Para aqueles que são familiares com a estória em questão, fica a pergunta de se o filme segue a narração homérica. Sim, tanto segue que a tentativa de conter todos os elementos no longa metragem acarretam uma duração expressiva.
A produção opta pelo nome grego do herói: Odisseu. Enquanto o filme anteriormente resenhado, "Tróia", favoreceu o nome latino (romano): Ulisses.
O diretor mostra a jornada de Odisseu desde antes da obra de Homero. Inicia com o nascimento do filho do personagem principal, Telêmaco. Na sequência mostra a cobrança do tratado grego por Menelau e Agamenon, redundando na marcha de Odisseu para a guerra com Tróia. Na continuação há uma forma abreviada dos 10 (dez) anos de combates com o (famoso) fechamento do cavalo oco (e a cidade murada arde).
Uma vez a vitória conquistada a viagem de volta está para começar. Porém, realizando a análise da deusa Atena, o ardor do sucesso em batalha aflora a vaidade e arrogância do herói. Em tom desafiador ele declara que tudo foi obtido pela empresa de homens, sem os deuses. Poseidon injuriado por ver sua assistência em silenciar o adivinho (o Deus envia uma serpente marinha para corroborar a estória do traidor heleno, fazendo com que Priamo leve o cavalo-oferenda para dentro dos portões da cidadela) menosprezada amaldiçoa o grego. Com o pouco caso do sagaz rei a partida é realizada. Aqui realmente começa a odisséia (palavra que ganhou os dicionários como percurso árduo que resulta em crescimento interior).
As aventuras obedecem os moldes do poeta grego, apenas com a falta dos atos de pirataria em Ismarus, os comedores de lótus, das sereias, da cara desolada de Aquiles no submundo, a figura de Laertes, e a intervenção final de Atena para evitar a vingança do povo de Ítaca contra Odisseu por ocasionar a perda de 2 (duas) gerações de homens. Assim, pode-se enumerar as aventuras: o embate com o ciclope Polifemo, a ajuda do Deus do vento Éolo (e a demonstração de como a curiosidade pode ser negativa), Circe, a ida ao submundo (e a conversa com o velho profeta cego Tirésias), os monstros Scylla e Caribdis, a ilha de Calipso, a denominada telemaquia (a jornada do filho do herói para coletar dados do pai), e a embaixada aos Faécios (que resulta em um desembarque na ilha de Ítaca, reino de Odisseu, e antecâmara para o massacre dos pretendentes).
O massacre dos pretendentes da esposa de Odisseu, Penélope, é mais um momento de catarze do que simbólico, pois é a intenção de todo indivíduo de se livrar dos usurpadores. É o fim ideal para os sofrimentos de uma pessoa, liberar a raiva em algo construtivo, tal como o pai aconselha o filho: " Ter raiva é fácil, ter raiva no momento certo contra a pessoa certa é que é difícil".
A crítica aqui não é destinada em um simples bom ou ruim. Ou então à uma análise dos efeitos especiais ou fotografia. Mas sim ligar elementos do filme com questões pontuais da Filosofia.
O primeiro ponto visado é o desafio de Odisseu. Pois aqui fica explicitada a vontade do homem em superar os deuses, se fazer autônomo. O personagem o faz afirmando que com a astúcia ele pode superar a divindade por crer que foi a idéia que finalizou a guerra e não o favor celeste.
A curiosidade prejudica. Isto é mais empregado por Homero como elemento de educação do cidadão almejado do que ponto de digressão. A ironia da liberação do vento do leste apenas a algumas milhas náuticas de Ítaca, dando seguimento à agonia, é um demonstrativo para o leitor ou ouvinte de que a curiosidade quando mal empregada resultará em atraso no percurso (seja qual for, desenvolvimento pessoal ou deslocamento geográfico).
A face do Aquiles falecido foi um ponto esquecido no filme, mas que é simbólico no livro. Mostra a passagem do ideal de homem grego pretendido. Revela que aquele que se funda apenas nas perícias físicas (bélicas) não será pleno. Apenas aquele que unir a aptidão muscular com o intelecto será feliz (logo, um ser pleno).
A figura de Laertes. outro ponto faltante na obra visual que é expressiva na visão homérica. É a demonstração da necessidade da legitimação da casa, o culto dos/aos antepassados. Com a visita de Odisseu e Telêmaco à antiga fazenda de Laerte (pai do primeiro) após matar os pretendentes/usurpadores.
Por fim, o diálogo com Tirésias. Ponto alto tanto no livro quanto no filme. Porque revela qual a finalidade da jornada, dos desafios. A resposta à pergunta da razão da aventura é conhecimento. O profeta cego afirma que a jornada só finalizará quando o personagem principal realizar quem ele é e onde ele vive. Conhecimento pessoal e do mundo em que se encontra. A frase demonstra que só será completo aquele que se conhecer e conhecer o seu mundo, a realidade em que está inserido. Todavia, o mundo/realidade só será possível, na concepção adotada nas obras mencionadas, pela noção de si. Assim, pode tudo ser resumido pela frase encontrada no Oráculo de Delfos: "Conhece a ti mesmo". A chave do passado, presente e futuro está na pessoa, e só se pode ter noção da pessoa, não pelo o que ela sabe, mas sim por onde ela esteve (o conteúdo absorvido pela vivência).

quarta-feira, 5 de março de 2008

Resenha do filme "Tróia"

Antes de criticar o filme convém explicitar o enredo do mesmo.
A película é sobre a guerra que povoa o imaginário de todos, inclusive aqueles que nada sabem sobre ela. Pois basta falar gregos, troianos, presente de grego, e outros detalhes que segue o famoso "Ah! A coisa do cavalo..."
Bem, desde já deixo dito que há a versão do filme da estória, a versão homérica da Ilíada e a lenda que chega por tradição oral.
O filmado mostra, inicialmente, como Agamenon consolidou seu poder entre os gregos, valendo-se das habilidades guerreiras de Aquiles. Desde este momento, começo da trama, já fica explícita a desavença e o atrito entre os personagens citados.
A trama segue a crescente com a mostra da embaixada da cidade de Tróia em solo espartano. Neste ponto os contornos são delimitados, Paris apaixona-se por Helena, rainha de Esparta, e esta foge com o primeiro. O ultraje feito ao rei de Esparta, irmão de Agamenon, é usado pelo último como via de realização de seus sonhos de grandeza (o tom pejorativo é proposital por o filme o alçar ao grau de vilão). Assim, dá-se início a marcha para a guerra. Agora é Gregos vs Troianos.
Todavia os helenos (gregos) necessitam de um trunfo. E o ás na manga é o "máquina zero" Aquiles, Príncipe guerreiro com movimentos que muito lembram Kung Fu (intercâmbio de civilizações? Não, nuance hollywoodiano mesmo.), fiel ao ideal que depois na História será materializado pelos ensinamentos de Aristóteles (na linha do tempo a Guerra de Tróia ocorreu muito antes do nascimento do filósofo mencionado). Na sequência ocorre o recrutamento de Aquiles (e seu primo Pátroclo) por Ulisses.
Guerra!
Os navios partem para a Ásia Menor, desembarque na praia, somente a falta de armas de fogo e artilharia deixam a cena devedora do desembarque na Normandia, o Dia D - A Operação Overlord (que pode ser experimentada no choque visual em filmes como "O Resgate do Soldado Ryan").
O combate flui, os gregos avançam, mas um ponto da trama se faz presente, o choque entre Agamenon e Aquiles. Tudo ocorre pela divisão dos espólios da batalha, em especial uma Serva de Apolo, Briseida, feita prisioneira (e futuramente recebendo o rótulo de escrava). Pelo desentendimento Aquiles se retira dos embates, os troianos tem folga e passam a aproveitar os benefícios das vitórias.
A ironia se faz presente... o primo usando a armadura de Aquiles desafia o campeão inimigo, Heitor. Este vence.
Aqui há a conhecidência com a versão de Homero. O poema trata da ira de Aquiles e como em sua arrogância narcisista ele fica injuriado e dirige sua fúria contra Heitor (Fúria que se soma ao ultraje recebido de Agamenon). O poeta grego (ou poetas, para aqueles familiarizados com a polêmica que cerca a figura de Homero) mostra como o herói grego exalta a si mesmo pelos atos, pelas proezas bélicas, e a glória que lhe é roubada é uma ofensa que ele (Aquiles, filho de um rei humano com uma deusa) não pode tolerar. Assim, a balança dos combates volta a pender para o lado grego... Heitor cai morto. Porém as muralhas de Tróia são intransponíveis.
Um ponto que chama a atenção é o amor que Príamo, rei de Tróia, pai de Heitor, demonstra no diálogo secreto com Aquiles. Que não há amor como o de um pai para um filho, mesmo que o modo de externar tenha que ser póstumo. O beijo na mão do assassino.
Da trégua feita por Príamo e Aquiles para velar Heitor, Ulisses tem a idéia que levará os gregos à vitória final... o ardil (o cavalo gigante oco).
Com a utilização do cavalo, os gregos invadem Tróia e o combate dentro das muralhas leva apenas para um resultado, a cidade cai.
Agamenon morre por sua ganância, o defeito narrado leva a descuidos.
Aquiles morre aos pés de um templo do Deus que ofendeu no seu desembarque, Apolo. Porém sua morte não é gerada por suas falhas de caráter (vaidade, arrogância), mas sim morre de forma honrada, tentando salvar aquela que passou a amar, Briseida. Tróia está em ruínas, mas cidadãos conseguem fugir e a passagem simbólica da espada troiana, mostra a continuidade da cultura. Homero não narra esta parte, e a tradição lendária expõe que Aquiles nunca entrou na cidade, pois foi profetizado e realizado pelos deuses olímpicos, foi seu filho Neoptólemo (sim do Aquiles, com uma princesa, enquanto escondido numa corte alienígena, forma encontrada pela mãe-deusa para tentar evitar a participação na luta e, consequente, morte) quem concluiu os trabalhos.
A estória mostra como a civilização grega muda o ideal perseguido: do ideal físico (Aquiles) para o raciocínio (Ulisses). Tal visão é objeto da tradição oral que envolve a Guerra de Tróia.
Para concluir, o filme traz elementos fundamentais da tradição que envolve o mito de Tróia. Mostra as características das personalidades dos personagens, ressalta os benefícios e as desvantagens de cada uma. Ao adequar a estória aos moldes exigidos pela indústria cinematográfica, pontos marcantes são deixados de lado, a questão dos costumes da época (o primo na verdade não é primo, é outra coisa), bem como a influência dos deuses no cotidiano. Outros pontos são acrescentados, que não figuram em Homero e na tradição, em especial a visão maniqueísta (a clara distinção entre bem e mal, personagens heróicos e vilões). O filme, todavia, ao ser classificado deve ser enfocado como o que é: entretenimento. E para isto é bem sucedido, ele é longo, mas não dá para perceber o lapso de tempo gasto, assim, polegares para cima.

Frase do Dia

"Go home!"
John Rambo, em Rambo IV

Carta de Intenções

Para quem ocasionalmente acessar isso, e se perguntar: "Para que diabos serve esse blog?"
A resposta é para postar as tarefinhas de um professor. Espero que não seja de tudo monótono e que algo possa ser aproveitado pelo errante virtual que caia aqui.
Os primeiros trabalhos são resenhas de alguns filmes e um ensaio sobre a origem da Filosofia.
Bem, por dedução, alguém pode dizer que aquele que escreve é aluno de Filosofia...exato! Mas já tranquilizo o que largou um palavrão com a notícia. Não será como o modelo de filósofo que povoa programas existente, que se valem de uma fala/escrita maluca para confundir e no final não explicar/responder nada. Será uma linguagem simples e direta. Assim, espero que o eventual leitor possa aproveitar um pouco.