terça-feira, 21 de outubro de 2008

Roteiro de um novo filme.



TEMA (e conseqüentemente o título): MITOS SOBRE ESTUDANTE DE FILOSOFIA


ROTEIRO
A abertura padrão com uma música marcial arrebata a platéia, a imagem é a identificadora de mais um trabalho do grupo em questão. Ao desvanecer o início padronizado nos demais vídeos o título se faz visível.
Do título emerge a imagem do portão da PUC, reminiscência do antigo prado. A câmera em primeira pessoa cruza o pórtico, um livro surge. As páginas desse último são passadas, os dizeres “o que Filosofia NÃO É!” aparece na tela e a obra de fato tem seu começo marcado.
- momento 1.
A cena inicial mostra uma pessoa alegre (demais) saltitando por entre as árvores. O narrador explana o fato: “Filosofia na PUC é comungar com a natureza?”
De repente, um agente da polícia secreta dos bons costumes aparece devidamente fardado flagra o indivíduo feliz e com seu dedo inquisidor exclama “Não é!”
- momento 2.
Em meio ao jardim zen, lar das carpas da PUC, um rapaz deveras feliz lê Paulo Coelho distraidamente. O narrador confirma: “Filosofia na PUC é contemplar o nada?”
Como um ninja surge a polícia da boa moral e, novamente, com seu régio indicador afirma: “Não é!”
- momento 3.
Imerso em um mar de fumaça, a pessoa serelepe desanuvia seu vício. O narrador traz ao conhecimento do espectador: “Filosofia na PUC é ter tempo de saborear seus vícios calmamente?”
Com uma bela coturnada o inspetor de tudo o que é belo e nobre faz a sua triunfal entrada e exclama: “Não é!”
- momento 4.
Sentada na biblioteca, uma pessoa estuda avidamente. O narrador aponta: “Filosofia na PUC é estudar os grandes nomes e suas idéias?”
Na velocidade característica que deixa até o Flash boquiaberto, o soldado da correção pára, olha para a pessoa e... diz em uníssono com o estudante: “Isso é!”

Na tela se lê “Filosofia na PUC-PR”, que muda para “Ensinar a pensar...”
Dois fiscais da boa doutrina (entrevistadores) instigam o diretor do curso de Filosofia a falar um pouco de como as matérias da grade horária ajudam o estudante a pensar, estruturar idéias, crescer como pessoa.
As imagens são como em clips, colação de imagens em primeira pessoa pelas estandes da biblioteca, espiando uma aula pela janela da porta, dando um 360º ao redor de um computador até que a imagem de um agente da polícia secreta vem (apoiado no computador e segurando um livro), e exclama “Seus melhores amigos!”
As palavras “Dar ferramentas às pessoas...” vem ao primeiro plano.
Uma lista é conferida, as habilidades são listadas: Pensar, Argumentar, Pesquisar, Falar, Ensinar.

Como a famosa imagem do Tio Sam, um dos integrantes do grupo fala: “Trabalhos desafiadores. Precisamos da sua criatividade.”
Um compacto dos feitos do grupo B-52 é exibida para motivar os sucessores de sua honradez.

Fotos de pontos turísticos da PUC ilustram o ambiente do campus. E de súbito, os três integrantes do grupo aparecem e convocam: “Aliste-se já!”
Transição para a imagem da bandeira da PUC tremulando ao vento atinge a vista do espectador.Os créditos finalizam.

Diálogo histórico.




James Bond: "Espera que eu fale?"

Goldfinger: "Não, Sr. Bond. Eu espero que morra!"

sábado, 11 de outubro de 2008

Frase Justiceira!


"Para o diabo saber quem te mandou!"

Antonio Banderas como Zorro, em A Lenda de Zorro.

Pensando o Material Didático

1 MATERIAL DIDÁTICO.

O almejado no presente artigo é avaliar material didático, para com isso ter subsídios para confeccionar o próprio. Disto, o trabalho proposto era escolher dois livros didáticos utilizados com o fim de ensino no país, elaborar critérios, ter um juízo de valor e publicar o encontrado no blog.
O grupo de trabalho escolheu um livro desta natureza e uma coleção muito utilizada como auxiliar de professores ao elaborarem suas aulas.
Em termos enciclopédicos, material didático é o substrato utilizado com o fim de auxiliar a prática ensino/aprendizagem, é o meio que possibilita aluno a visualizar e exercitar o conteúdo visado. Atualmente, a regra é a prevalência da mídia escrita, com presença física, seja qual for a forma de encadernamento se aproximando mais da estética de uma apostila ou de um livro. Apontado isso, abordam-se, primeiramente, os critérios eleitos para pautar o exame do material, segundo a análise do objeto em questão, e, findando, nas considerações de utilização, segundo parâmetros subjetivos.


2 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO.

São os critérios adotados: adequação livro – público alvo; o formato ajuda na compreensão; linguagem; recursos gráficos; correlação dos veículos visuais e escritos; existência de síntese no final do assunto; presença de exercícios de fixação; indicações de livros e/ou filmes; consta embasamento/bibliografia; e traz fragmentos dos filósofos.
Adequação ao público alvo delimita se o autor atingiu seus objetivos, configurou a obra conforme a pessoa que pretendia ao desenvolver.
O formato do livro se comunica com o leitor, logo, a sua formatação importa em passar a mensagem tal como pretendia ao ser escrito.
Tal qual o ponto anterior, a linguagem desempenha função chave no diálogo com a pessoa que lê.
Recursos gráficos estão postos no sentido de ferramentas visuais que auxiliem na transmissão da mensagem.
Ao cotejar, formatação, linguagem e recursos gráficos se têm o presente quesito, correlação dos veículos escritos e visuais. Este é um momento para avaliar a coerência nas mídias.
Síntese no final do assunto está no intento de reforço na matéria. A presença é apenas um abono.
Todo o material didático deve conter exercícios de fixação, pois se não exercitar o tema tratado qual a razão de ensino ao classificá-lo como didático.
Indicações é algo de crescente importância frente à tendência da interdisciplinaridade. Ao fazer referência a outros livros, filmes, eventos ou outras matérias este requisito de atualização acrescenta na capacidade de se relacionar com o aluno.
Embasamento, referências e/ou bibliografia. Didático ou não, se a obra é filosófica ou não, para que seja tido com seriedade o autor tem de mostrar em que fontes os dados foram encontrados, e este é o momento de trazer tal aspecto a tona.
Último critério se refere ao fato de trazer fragmentos. Em se tratando de ensino de filosofia o contado com a palavra do pensador original é de suma importância para passar o modo de pensar deste. E isto só pode ser feito pelo contato direto com o texto do filósofo.


3 OS LIVROS.

Para propiciar melhor entendimento, os critérios anteriormente elencados serão aplicados em itens específicos subdivididos pelas obras analisadas. Para que a referência do material seja a mais precisa possível será utilizada a sistemática de nota com autor, título, local, editora e ano.

3.1. REALE, Giovanni. ANTISERI, Dario. História da Filosofia. (coleção em sete volumes). São Paulo: Editora Paulus, 2006.

Pelo dito na apresentação, o público alvo é jovem. O desenvolvimento mantém um tom técnico, mas tentando ser o mais claro possível sem perder o traço mencionado. Apesar de adequado o leitor médio deve empregar esforço.
O formato do livro se comunica, sim, com o leitor, logo, a sua formatação ajuda a compreensão.
Tal como dito na relação obra e público alvo, a linguagem é acessível, mas requer consultas ao dicionário para quem não esteja acostumado com o vocabulário de nuances técnicas.
Recursos gráficos variados são empregados (fotos, gráficos, colunas de destaque, cabeçalho claro e quadros).
Há correlação dos veículos escritos e visuais, o destaque maior fica com o início e o fim de cada capítulo.
Síntese no final do assunto está presente como modo de fechamento da temática. Possibilitando a transição para o próximo filósofo sem a preocupação de ter deixado ponto aberto no anterior.
A ausência de exercícios de fixação é o demérito por excelência dessa coleção, pois a Filosofia tem como premissa ensinar a pensar e perder a oportunidade de, em uma obra dessas, fazê-lo aqui é um equívoco.
Indicações restam limitadas para os textos clássicos dos pensadores abordados, pela proposta dos autores não haveria o porquê de trazer isto.
Embasamento, referências e/ou bibliografia é elemento prezado em todos os sete volumes que compõem o trabalho analisado. Nesse elemento resta demonstrado o cuidado com os dados apresentados.
O contato com o filósofo é a intenção da configuração dos livros, logo os fragmentos são trazidos para reforçar o exposto e possibilitar o contato direto do leitor e do pensador abordado.

3.2. TELES, Alexandre Xavier. Introdução ao Estudo da Filosofia. 34ª edição. 3ª impressão. São Paulo: Editora Ática, 2003.

O próprio título do opúsculo afirma ser uma introdução, algo preliminar, mais simples. Um livro que possibilite um contato inicial que desbrave caminho para um subseqüente estudo. Assim, não se faz adequada ao público alvo por se tratar de obra introdutória em que o assunto abordado com muitos pontos específicos, logo, torna-se muito pesado.
O formato do livro se comunica com o leitor quanto à divisão orgânica dos capítulos.
A linguagem frente ao tom desenvolvido para o livro se espelha, porém lançam sombra sobre o leitor. Tal sombra é fruto de ser muito difícil à luz do pretendido.
Os recursos gráficos não mantêm a mesma razão de aproveitamento. Os recursos utilizados no capítulo de Lógica estão de acordo com o exposto, outros capítulos não tem e outros são dotados de quadros com explicação de difícil compreensão, ou, ainda, sem a mesma.
Pelo afirmado no parágrafo anterior, a correlação entre as ferramentas escritas e gráficas não é uniforme (um ponto negativo, da mesma forma que o item anterior).
Síntese no final do assunto é inexistente.
Exercícios de fixação constam no fim dos assuntos. Como afirmado na justificação dos critérios, todo o material didático deve conter exercícios de fixação, pois se não exercitar o tema tratado se perde o espírito de ser do material. A nota a ser feita aqui é a complexidade dos mesmos, em que alguns extrapolam os pontos para além da Filosofia.
Indicações, seja para o texto do pensador original daquela idéia, sejam para elementos com o intuito de realizar a interdisciplinaridade, são ausentes.
A bibliografia utilizada consta de um grupo de amostragem restrito. De fato, é bem pequena se pensada frente a gama de assuntos que a obra trata.
Por último, o critério de ter fragmentos no corpo do trabalho. O autor apenas liga o fragmento de pensamento com o título do capítulo. Nada mais, não explica ou aborda o mesmo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Das obras tratadas a aplicação depende em muito do meio em que será empregado, o comum é que a forma como o sistema de ensino nacional opera não possibilita que o modo de ser quase que autodidata de pesquisa vingue. Assim, um aluno por conta própria se valer dos mesmos seria não aproveitar todo potencial da leitura e desperdiçar tempo valioso de estudo. Porém, como um reforço de aula pelo professor, com prévia abordagem da temática, delimitando os pontos a serem reexaminados, ambos podem figurar como literatura secundária. Entretanto, a figura de leitura de auxílio é mais destacada a coleção do professor Reale por contar com quadros sinópticos e fluxogramas.
Já na figura de professor a obra do professor Teles é de grande ajuda para programar uma aula de lógica, pela leveza, sem prejudicar a profundidade do assunto. Mas só nesse ponto. Todavia, os volumes dos autores Reale e Antiseri são companhias indispensáveis, tanto para formular a exposição do docente, dirimir dúvidas levantadas por alunos e estruturar exercícios de avaliação. Nota cabe nesse ponto, aquele que pretende ensinar que baseia sua prática em apenas uma fonte está banalizando seu trabalho, a base (a bibliografia) utilizada deve ser a mais ampla (vasta) possível, pois quanto mais alto de pretende erguer o prédio mais forte deve ser a fundação.
Por fim, melhor material didático é a relação professor – aluno, a comunicação que existe entre eles. Aristóteles diz que o homem (e a mulher, tem de elucidar hoje) é um ser político. Ao afirmar isso, ele quis afirmar que as pessoas são entes que vivem pela dinâmica social, e como tal, o ensino faz parte dessa dinâmica. Não há convivência sem comunicação, não há aprendizado sem convivência, logo, deve haver diálogo para que ocorra a transmissão de conhecimento. Não importa o livro adotado, os envolvidos devem saber falar e escutar, e para que isso ocorra com racionalidade, respeito ao outro deve prevalecer.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Filósofo também Trabalha!

1 DO QUE UM FILÓSOFO VIVE?

Quando a temática surge, as pessoas resgatam da memória os antigos gregos, falam como um mundo idealizado. Quem desse imagina Platão, Sócrates ou Aristóteles tendo que se preocupar com moradia e alimentação? Pouquíssimos. Aristóteles era professor de Alexandre Magno, então, ele estava garantido quanto a dinheiro (fora que ele tinha o Liceu – mas será que ele cobrava mensalidade dos alunos?). Platão era de uma família influente na política de Atenas, bem como tinha a Academia (mesma coisa – será que cobrava entrada? Ou será que a cidade de Atenas custeava estudos, tal como ocorre no sistema de bolsas atualmente?). Fora aqueles que conhecem os problemas de Sócrates com Xantipa têm uma pequena idéia de que estes grandes pensadores também eram pessoas. Se naquela época, pensar que a ocupação de alguém era filósofo e ele vivia disso já causa espanto, imagine hoje.
Portanto, quem estuda Filosofia como sua opção de curso superior que futuro ela terá? Agora que o governo federal instituiu por lei que o ensino médio tem de ter a matéria de filosofia na sua grade curricular, professor é uma das respostas. Mas será que tem mais? É essa pergunta que o presente artigo pretende informar.


2 SIM, HÁ MANEIRAS DE VIVER DA FILOSOFIA!

Retomando onde o ponto inicial parou, um sujeito formado em filosofia pode fazer o que? Professor, certo, e o que mais?
A sociedade como um todo busca responder questões íntimas para que possa incrementar sua produtividade. Assim, empresas (algumas, poucas, é raro) contratam filósofos para fazer dinâmicas de grupo a fim de mostrar como idéias já pensadas podem ajudar o quadro de funcionários a se comunicar e superar certas questões com o intuito de não ser o questionamento/dúvida/pré-conceito uma barreira para o crescimento do empreendimento.
Outro, com as questões surgidas na área médica no tocante a o que seria aceitável fazer para o ser humano se apoderar de algum desenvolvimento tecnológico (vide o caso das células tronco). Disto, profissionais da área da filosofia são convidados para fazer cursos e/ou palestrar com o intuito de trazer a tona o já pensado e auxiliar no debate presente e futuro sobre estes pontos.
Por fim, o desenvolvimento de material (preferivelmente didático), onde como consultor técnico para a temática filosófica, ou como responsável pelo desenvolvimento completo, aquele conhecedor de filosofia é o garante de que a publicação seja fiel a sua proposta de abordar pensamentos calcados nessa área. Pela importância que foi dada em sala de aula, em uma determinada data, esta abordagem será deixada para item específico (ponto três, o seguinte no desenvolvimento da narrativa).
Fora isso, só o famoso caso, comum em muitos outros cursos, de ser apenas um diploma na parede ou na gaveta, mas exercendo uma função totalmente desconexa com sua formação acadêmica. Ah! Menção de caso específico, neste ponto são os caçadores de concurso público que qualquer diploma só serve para habilitá-lo em um edital que exige formação superior.


3 FINANCIAMENTO POR INSTITUIÇÕES.

Todo o artigo nasceu da idéia de um professor que queria que pesquisasse métodos de financiar material didático. Tal pesquisa resultou em uma aula, em que os grupos expuseram o que encontraram.
Na aula de Prática Profissional, do dia 04 de outubro, presidida pelo Professor Daniel Omar Perez, os alunos trouxeram dados variados sobre como financiar seu material didático. Para não ser enfadonho, parte-se para a exposição das informações de onde/como/o que, bem como os destaques quanto à perspectiva de sucesso.
Dos grupos, apenas dois obtiveram sucesso em enviar o projeto de material didático, o Logos Produções (de Gisele, Ir. Geovana, Raphael, Ir. Renata e Thiago) e o Kosmo (de Bruno, Antonio José, Fábio e Odenilton). O primeiro conseguindo o aceite do envio do trabalho e o segundo não só o enviou como teve a possibilidade de reunião aventada (só a distância e a viabilidade da viagem ficou no caminho, pois como seminaristas não puderam realizar a ida para Recife).
Por todo o falado em sala, o financiamento pode ser encontrado por manter o radar ligado, constantemente pesquisando a internet e visando editais de abertura, bem como filtrando o pretendido por instituições (sejam empresas, fundações ou o sistema “S” – SESC, FIEP,...). O modo de ingressar o projeto depende do modo que o lugar objetivado pede, pode ser envio por meio eletrônico, protocolar documentos ou apresentação. Quando se fala em financiamento há a forma da compra e venda do material para uma editora, instituição subsidiando a pesquisa, a contratação de pessoal para um dado fim ou o repasse de verbas. Assim, para ilustrar são os sites que podem auxiliar nessa jornada: financiar.org.br; fordfound.org; fundacaoaraucaria.org.br; capes.org.br; CNPq.br; BN.br; FINEP.gov.br, aucuba.org.br; escolajuventude.sp.gov.br; responsabilidadesocial.com; gife.org.br; frm.org.br; e patriciniocerto.com.br. Ou ainda, a pessoa pode buscar empresas, e são: BNDES, Petrobras, Banco do Brasil, Vale (do Rio Doce), HSBC, Itaú, e o Boticário (e sua fundação).Mas nunca se esqueça, ONGs, o terceiro setor como um todo, estão engajados em alguma atividade, disto, pode ser que seu projeto se enquadre na militância desses grupo e da união dos dois algo pode frutificar. Por fim, as redes de colégios podem se servir dessas idéias, pois educação é a atividade fim deles.
As questões que sobram são o que solicitam, que produtos, ou seja, qual o ramo de atuação e qual a ação buscada para refletir esse ramo, e que benefícios podem ser esperados dessa união pesquisador/autor de material e empresa. O ramo é variado (saúde, ética, moral, cidadania, justiça, tolerância, inclusão social, ...) e o produto pode receber a feição que as partes envolvidas quiserem, desde palestras, livros, vídeos, dinâmicas ou o misto de várias, a imaginação dá o limite. Então, como o dinheiro flui? Essa é uma pergunta é venenosa, pois está intimamente ligada com a forma das pessoas jurídicas em questão, bem como a forma de repasse ante a classificação da atividade. Sempre válida é a modalidade prevista na Lei de Incentivo a Cultura, em que a empresa pode deduzir os valores despendidos no seu recolhimento tributário (sempre bom contar com um contador, porque a malha fina é particularmente atenta quando alguém mexe com a bocada do leão).


4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Quando se aborda isso, o intento é melhorar a condição do homem, possibilitar entendimento e educação. Mas se os outros da sala desenvolveram algo, o que o grupo a que pertenço fez? Nosso tema é A Filosofia como Instrumento do Autoritarismo. E a temática não se enquadrava no colacionado no item anterior, salvo escolas e universidades. Pois o viés dado foi acadêmico, fazer pensar e discutir o outro lado que se pode atribuir a Filosofia. O assunto é áspero, mas com bom humor e certa dose de teatralidade o tema ganhou também contornos que possibilitariam palestras. Porém todos os que atendessem à palestra ou utilizassem do material confeccionado deveriam já ter uma bagagem de história, sociologia e filosofia.
Por fim, ficam os votos de que o narrado ajude a pessoas que tinham dúvidas relacionadas à vida profissional de filósofo (incluso outros cursos que possuem iguais problemas). E observação, se alguma empresa, colégio ou instituição se interessou por saber como a Filosofia e o autoritarismo operaram dinâmicas, entre em contato e o grupo fica feliz em mostrar o seu valor.

Frase do dia pede filme com dia no nome.

"Mande todos para o inferno".
John Wayne, em O mais longo dos dias.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Adendo ao Relatório da Apresentação.


Acréscimo ao relatório do Dia 30 de agosto de 2008.



Conforme o relatório citado, o grupo deveria apresentar o vídeo e caderno de atividades confeccionados, conforme o tema por eles pensado e materializado nas mídias referidas.


O assunto: A Filosofia como Instrumento do Autoritarismo.




Na data de 20 de junho de 2008, os integrantes imbuídos do espírito, executaram a tarefa. Aguardando o momento oportuno, as pessoas envolvidas no projeto esperavam comunicar a notícia de sucesso ao idealizador da proposta da formulação do vídeo e do caderno.




Com a chegada do dia 30 de agosto a oportunidade esboçou mostrar sua face. Todavia, não tinha sido desta fez que os heróis desse empreendimento tiveram a chance de entregar os resultados. Pelo contrário, deveria ser publicada nos blogs a narrativa (vide julianakureke.blogspot.com e raketenpanzerbuchse.blogspot.com para saber a exposição dos outros integrantes), bem como a trupe deveria apresentar em mais um lugar.




Lembrando de conversa anterior com o professor, os membros da equipe sabiam que 1) ele queria que fosse em lugar que não fosse a PUC-PR, e 2) que ele gostaria que fosse em um lugar inusitado, como uma sinagoga.




Contatos anteriores às novas atribuições já tinham sido tentados com instituições de ensino e, também, as religiosas, mas por (in)disponibilidade de pessoal para assistir as apresentações todas as investidas redundaram em fracasso.




Porém com a urgência de cumprir o dever, foi-se feita nova tentativa com aqueles lugares que antes haviam recusado. Entretanto, a sorte ao lado de nossos combatentes revelou sua face e, assim, eles tinham uma data para finalmente completar com total sucesso a campanha, 03 de setembro de 2008 (um grupo de estudo bíblico, protestante, com média etária de mais de 25 anos, composto basicamente por casais).




Uma nova tática foi divisada, o grupo deixaria as apresentações e explanações para o final. Chegaria já em plena exposição do vídeo com as devidas intervenções ao fim de cada etapa do aparato áudio-visual. A estratégia global mostrou seus frutos, pois após um momento inicial de choque, a platéia se viu imersa na atividade.


A diferença quanto ao ocorrido na turma de Sociologia (reportada anteriormente), foi a interação após a apresentação, perguntas, dúvidas, questionamentos...




A operação foi um sucesso. No dia 20 de setembro a trupe obteve a aguardada chance de comunicar, em sala, ao professor os resultados obtidos. Os colegas se mostraram respeitosos e interessados. O vídeo confeccionado para ilustrar o relato na aula impactou conforme o pretendido. Os aliados nesse emprendimento finalmente puderam declarar encerrado os eventos nesse teatro operacional.




A pergunta que fica é: será que o poder de combate desse material (o vídeo, o caderno e a performance dos integrantes) finalmente encontrará o caminho da estocagem ou ainda há mais batalhas a serem travadas?

Rambo!



Para não perder o jeito, citação do Rambo (é só achar no trailer):

"Viva por nada ou morra por algo."

A Influência do Modelo de Mundo Aristotélico.

1. Introdução.

Ao contemplar o trabalho de metafísica com Aristóteles, a intenção é colocar à vista a grandiosidade de pensamento desse filósofo. Sua organização é completa, pois mesmo na divisão obtém um elo das partes estudadas, possibilitando uma compreensão minuciosa sobre o tema tratado: as causas primeiras.
Esta preocupação do pensador com o ser contribuiu para uma nova corrente do pensamento: a metafísica. Esta enquanto a procura pelas causas primeiras e do ser enquanto ser, afirmando a possibilidade de qualquer existência do ser, e este, o é de vários sentidos.
Esta multiplicidade do ser o torna um indivíduo único particular, passa a ser considerado como algo singular e particular, ou seja, uma substância composta por elementos que definem a sua essência.


2. Metafísica Aristotélica.

Aristóteles distinguiu as ciências em três caminhos: ciências teoréticas que buscam o saber em si mesmas; ciências práticas que buscam o saber para alcançar a moral perfeita;e, as ciências poiéticas que estão relacionadas a busca do saber com o intuito de produzir um objeto. A metafísica estaria anexada na primeira ciência: Ciência Prática.
O termo “metafísica” não é aristotélico, o pensador para fazer esta referência utiliza a expressão “Filosofia primeira” e “teologia”, em oposição às restantes. Seu grande passo na filosofia primeira foi a pergunta do ser enquanto ser ou as causas primeiras, ou seja, a substância[1], e, que o ser se diz de muitos modos, havendo muitos sentidos para o ser, uma equivocidade do ser.
O filósofo possui um conjunto de conceitos que organiza sua metafísica, que são: ser enquanto ser; ser enquanto verdade; ser enquanto substância; e, como incorporação do devir ou motor imóvel. Essas definições estão de acordo com a tradição filosófica quanto entre si, pois é uma transcendente a outra, em formas hierárquicas de organização.
Aristóteles aponta para a importância da metafísica como uma ciência livre que vale em si e por si mesma, a ponto de afirmar “Todas as outras ciências podem ser mais necessárias ao homem, mas superior a esta nenhuma”.
Posto isso, o pensador estabeleceu quatro causas que devem ser pensadas para desvendar a busca das causas primeiras, são elas: causa formal, forma; causa material, matéria; causa eficiente, o que gera; e, causa final, objetivo da existência.
A multiplicidade do ser entendida por Aristóteles, o fez classificar o ser em quatro equipes: o ser como categorias, gêneros do ser com fundamentação na substância que possibilita a existência das restantes ( qualidade, quantidade, relação, ação, paixão, lugar, tempo, ter e morrer); o ser como ato e potência, o ser em ato é em potência, mas o ser em potência pode não ser ato; o ser como acidente, casualidade; e, o ser como verdadeiro, a lógica.
A metafísica tem seu enfoque nas duas primeiras categorias, mas como se concentra no ser e sua multiplicidade, também o estuda. Essa divisão em grupos dos entes conferiu a Aristóteles o mérito de organizador do mundo em gênero e espécies por sua classificação dos entes.


2.1. Metafísica em geral.

Em sentido amplo, metafísica é ramo da Filosofia. Seu foco de estudo está no questionamento do mundo, da realidade, do ser. A origem do nome remonta a Aristóteles, porém não foi este que denominou. Pesquisadores ao encontrar manuscritos do filósofo, encontraram obras com os títulos, todavia, uma obra que falava sobre o mundo de um modo distinto daquele vislumbrado no documento intitulado física, assim, afirmaram ser algo além da física. Tal como o nome implica, os organizadores deixaram a obra inominada depois do livro da física, e o chamaram metafísica.
A derivação do léxico vem do grego μετά (metá), significando depois/posterior, e φυσικά (physiká), que compreende as palavras usadas para explicar a matéria no teorizado na antiguidade e recepcionado por Aristóteles, formando o posterior/depois/além da física. No curso do tempo, outros filósofos se detém em tal assunto, e como em Immanuel Kant, a discussão passa a abranger os pontos Deus, alma e liberdade, pois caros à natureza humana e fonte de muitos questionamentos e conflitos.


2.2. A Lógica como Instrumento.

Quando se vislumbra o conjunto da obra aristotélica, a lógica tem lugar de preeminência. Tal ocorre pelo formato dado à lógica, em que o método empregado servia como mecanismo verificador da realidade analisada.
Para Aristóteles a lógica válida era a do silogismo. Da utilização do silogismo, aquele que examina o todo extrai por proposições a realidade, aplica o esquema de raciocínio da dedução para construir o entendimento.
Todavia a lógica tal como o pensador grego a estrutura se mantém inalterada até o século XIX, onde com a nova feição dada pela lógica matemática, o sistema de aplicação aponta um novo viés.
Retornando à lógica no formato dado por Aristóteles, outro ponto se faz presente, tal como o método analítico de abordagem de elementos de pesquisa. A analítica constante no Organon é, em verdade, o rótulo dado à lógica aristotélica, enquanto o termo “lógica” é dirigido para a dialética silogística. Do opúsculo do autor, os trabalhos lógicos estão divididos em seis (6) temas:
1. Categoria;
2. Interpretação;
3. Analítica Primeira;
4. Analítica Segunda;
5. Tópicos;
6. Erística.
Assim, ao empregar o silogismo, ou lógica de termos, o filósofo fazia um julgamento das proposições componentes conforme as relações que se estabeleciam para, a luz das premissas, concluir. Já a garantia da verdade ficava a cargo da indução, em que por proceder do particular para o geral, aquele que examina passa de uma investigação causal para princípios mais puros. Disto, ao empregar no exame do mundo, Aristóteles deduzia as máximas da física, porém quando a questão se voltava a elementos como a realidade em si, ou a causa primeira, tinha-se a lógica sendo utilizada para perscrutar na alçada compreendida pela metafísica.


2.3. Motor Imóvel.

Como explicar o movimento? Seria este resultado de uma substância supra-sensível?
Com estas perguntas Aristóteles chega a um princípio (o infere) pra que possa explicar a fonte das esferas de existência, do que depende a natureza e a vida. Tal princípio original foi batizado de motor imóvel. E foi assim denominado por todo o movimento tem de ser gerado por um movimento anterior, mas aquilo que gerou o primeiro movimento, ante não ter sido gerado por nenhum outro, impreterivelmente deveria estar imóvel. Logo, motor, por gerar movimento, e imóvel, por ser o original, sem nada que o movimente é aquele que está parado.
Com isto, o filósofo grego traça um diferencial quanto ao que o homem pode saber. Ao falar do motor imóvel, Aristóteles rompe com o transcendente de Platão, dizendo que alguns elementos são inteligências, supra-sensíveis, enquanto outros são inteligíveis, um passo adiante do sensível (e aqui enquadra as idéias e formas de seu mestre).
Tal filigrana no pensar, possibilita aos medievais conceberem Deus, e identificar o pensamento divino com o motor imóvel.


3. Conclusão.

Do todo exposto, se tem as definições metafísicas em Aristóteles, bem como a identificação do termo “metafísica” com o rótulo ciência das causas.
Ao questionar o ser, há a possibilidade de chamá-lo por vários modos, seja acidente, categoria, verdade ou potência e ato. A ciência do ser se preocupou em categorizar, mais do que traçar um limite cabal. Seriam os elementos relacionados com o ser: qualidade, quantidade, relação, ação, paixão, lugar, tempo, posse, fixação (jazer) e substância.
Substância é deveras pontual, e como tal geradora de controvérsias. Por tais motivos destacada e estudada em questionamento específico, a ciência da substância. O que justifica tal ênfase são a proeminência como categoria e referir todas as demais e cotejar com os diversos significados de ser. O resultado obtido configura existirem as substâncias sensíveis corruptíveis[2], as substâncias sensíveis incorruptíveis[3] e as supra-sensíveis[4]. E acrescenta ser a substância constituída de matéria e forma.
Com o conjunto metafísico aristotélico advém o estudo da causa primeira, conseqüentemente, o exame da substância supra-sensível. Como núcleo do pensado neste ramo se tem que para obter a demonstração desta, as esferas de exame são o tempo e o movimento. A causa primeira (motor imóvel) só pode ser alcançada frente à causa final (atração), redundando em movimento, existente no tempo. A realidade, o mundo, é, assim, atraída pela perfeição contida no motor imóvel, e para ter esta perfeição não tem matéria (não tem potência, é puro ato, constituído só de forma).
Aristóteles inova quanto ao modelo platônico, e ao superar o modelo dualista fertiliza o solo, com a atribuição de valor ao sensível, para pensadores futuros. Daí surgindo os contornos da escolástica[5], a retomada renascentista e a física moderna.




REFERÊNCIAS

ARISTÓTELES. Metafísica. Madrid: Editorial Gredos, 1998.

HUISMAN, Denis. Dicionário dos filósofos. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

REALE, Giovanni. ANTISERI, Dario. História da Filosofia. Volume 1. São Paulo: Paulus, 2003.
[1] Para Aristóteles cada ente comporta a sua essência. A substância possui matéria e forma. A matéria permite a mudança, pois é pura potência, enquanto que a forma possui essência, que não é universal. Há substâncias que não possuem matéria, que são as substâncias puras não estando sujeita a mudanças, já a substância composta é aquela que define o que pode ser composto, “qualidades” da essência.
[2] Os materiais palpáveis como bronze. Aqueles que Aristóteles expõe como encontrados no mundo sublunar.
[3] Aquelas que possuem éter na composição. Habitantes da esfera supra lunar, como os corpos celestes.
[4] Incorruptíveis por natureza, as inteligências. Os medievais depois construirão a tese do pensamento divino com esta feição da substância.
[5] Pensamento medieval.

O Bom, o Mal e o Feio... e a frase do dia!


"A dois tipos de homens, aqueles com armas carregadas e aqueles que cavam. Então, cave!"

Personagem de Clint Eastwood.

sábado, 30 de agosto de 2008

Política de Capa e Espada



1 INTRODUÇÃO.

A temática do presente artigo está em como uma obra cinematográfica pode ajudar a entender uma época passada. Para lançar uma luz sobre a temática da dinâmica social do século XVII, bem como a criação de personagens de ficção pode ajudar a entender a operacionalidade de alguns personagens no fluxo histórico. O real ponto objetivado é mostrar os fatos e idéias relacionadas para que com a apreensão dos dados as pessoas possam entender o percurso histórico.
Um dos pontos constantes é a revisão de atos tidos, pela História, como políticos. Cotejando com ensinamentos filosóficos para a obtenção do poder e manutenção de um Estado. Em linhas gerais, demonstrar a importância dos eventos estudados, e da própria Filosofia, estão na ordem ao vislumbrar o filme, com a devida sombra do livro que deu origem à estória.
O filme: OS TRÊS MOSQUETEIROS (The Three Musketeers, AUS/UK/USA 1993). Direção de Stephen Herek. Elenco: Charlie Sheen, Kiefer Sutherland, Chris O’ Donnell. 105 min.


2 A figura do cardeal richelieu.

A primeira pergunta, para aqueles pouco familiares com a linha histórica de poder da França, e também daquela sobre os três mosqueteiros, seria “quem é o cardeal mencionado no título deste ponto?”.
O Cardeal é indivíduo chave nos três pilares do presente artigo (fato histórico, filme e livro). No estudo dos eventos reais, ele foi o principal articulador e organizador da monarquia francesa ruma ao Absolutismo. Desempenhou suas funções de maneira devota e, assim, foi reconhecido pela casa reinante. Por seus atos uma dinastia obteve o poder e o país recebeu seus contornos.
Na imaginação do autor francês, muito das características do Richelieu histórico é mantido. Mostrado como alguém comprometido com o seu país, tenta com seus atos se pautar no que crê ser o mais benéfico para o Estado e capaz de gerar uma solidez nacional centrada na figura do monarca. Nesta mídia, ele não é pintado com o espectro extremo de preto ou branco, mas sim o cinza de um sujeito com uma agenda em mente, em que o ponderar de alternativas leva em conta um fim.
Já na ficção mais moderna ele é um dos personagens principais, o antagonista. São características, tanto na esfera literária como na visual, a de governante poderoso, frio, calculista, dominador, e ambicioso, que ofusca, sempre que a oportunidade surge, o ingênuo rei.
Como a ótica do parágrafo anterior simplifica o religioso, o resultado é simples este foi feito para que o espectador o odeie. Contudo, o histórico e o literário agem de forma a sua visão de mundo se igualar à metáfora do caleidoscópio, não de fala em filtro de ótica, mas sim em prisma de ideologias. O que emerge para aquele que já ouviu máximas de política é se “os fins justificam os meios” cabem ao eixo de condução dele. Será que Richelieu leu Maquiavel? Provavelmente sim, ele além de estadista era um estudioso e as evidências são claras ou as conhecidências são absurdas (de tão similares os nortes adotados).
A sociedade do século XVII passava de terras com um lorde que ditava as leis para um governante que monopolizava o uso da violência. A figura dos senhores locais desvanecia para a de nobres na corte de um monarca. E este resultado era o objetivado pelo homem de Deus que o item presente trata. Ao analisar como a França fez a transição deste período parece seguir os passos estabelecidos por Maquiavel, os resultados foram a unificação da legislação, a direção restou nacional (inclusive quanto a religião), a diplomacia (e a guerra) recebeu foco (limitar a influência dos Habsburgo na Europa) e o poder estava centralizado na figura do príncipe/rei.
Mesmo com todo o revelado, o cardeal permanece cardeal, em alguns elementos ele retoma o ideal de uma realidade anterior, lembra pontos medievais. Richelieu defende, em seu Testamento político, a natureza divina do monarca. Mantém em mente, a necessidade de categorias de pessoas para a grandeza da França, que o rei mesmo determinado por Deus depende de seus nobres, da sociedade de corte, e, também, do povo. Fato que será comprovado pelo monarca sucessor, Luís XIV, ao travar combate com a liga dos Absburgos, em que já sem a figura de Premier Ministre, o sucessor de Richelieu – Cardeal Mazzarino – já havia morrido e o rei desempenhava a função de chefe de Estado e chefe de governo em toda a sua amplitude, necessitou do suporte popular para manter a máquina de guerra francesa abastecida.


3 A OBRA DE ALEXANDRE DUMAS: “UMA POR TODAS...”.

O livro escrito por Alexandre Dumas, Os três mosqueteiros, é parte da trilogia conhecida como estórias de D’Artagnan. A obra mencionada é apenas o primeiro capítulo da vida do herói. As seqüências são os volumes intitulados Vinte anos depois e O Visconde de Bragelonne. Todavia, deve-se mencionar que de início D’Artagnan não é um mosqueteiro, o opúsculo narra o percurso do jovem para se tornar um e como ele forma um vínculo de amizade com três homens já mosqueteiros do rei, e por alguns tidos como os melhores.
Dumas fisga o leitor ao narrar o sonho de um jovem. O jovem vindo de uma família nobre que se encontra empobrecida consegue por seu pai uma carta de recomendação escrita pelo capitão de uma das companhias de mosqueteiros da guarda (dado o fato de serem conterrâneos).
Porém, seria tudo muito simples e é assim que o acaso se faz presente. Acaso é encontrar uma comitiva de um nobre vestido de preto e que ostenta na face uma cicatriz. As pessoas e o nobre insultam o jovem graças a cor do cavalo do mesmo. A necessidade do homem da época retumba, só o duelo limpará a honra. Derrota D’Artagnan é pilhado seu dinheiro e a carta que levaria a realização de um sonho são levados. A trama tem os primeiros traços assentados, pois o nobre é o braço direito do cardeal Richelieu, o Conde de Rochefort. Isso desencadeia as peripécias do jovem, como ele se hospeda no Hotel Treville, conhece os futuros amigos e como se liga a rainha Ana da Áustria (e cai na trama do cardeal e seus espiões, vai a Londres, foge de uma bela assassina, a luta contra aquele que é contra a França – o Duque de Buckingham – e a obtenção do posto de oficial da guarda real).
Por todo o exposto, o interessante é notar que é uma visão de uma pessoa do século XIX sobre o século XVII. A política mostrada, apesar de constar os nomes de pessoas do passado, é, em real, um reflexo (e porque não uma crítica) dos acontecimentos de sua própria época, cuja orientação diplomática desencadeará duas guerras mundiais.

4 ADAPTAÇÃO PARA O CINEMA: “... TODAS POR UMA”.

Os trabalhos de Alexandre Dumas foram adaptados várias vezes para o cinema. Todavia a que teve mais versões foi Os três mosqueteiros, e cada uma delas teve seu ponto de distanciamento com a estória original, bem como o enfoque dado, incluso, aos personagens. Porém ao analisar o filme proposto, intenta-se mostrar que é uma visão do século XX, para algo feito no século anterior ambientado no século XVII.
A versão escolhida como base foi produzida pela Disney, e de tudo feito pela empresa zela por uma visão de mundo própria, de cunho maniqueísta. A visão explicita que há a luta do bem contra o mal, os opositores estão bem definidos pelos seus defeitos e qualidades. Mas, detalhe que não pode faltar, é o momento catártico, em que, no final, o último sempre perde.
Nesta estória as aventuras de D’Artagnan são recontadas, os anseios do rapaz são mantidos, entretanto, como o afirmado sobre a ótica do produtor, delimita-se os bons e os maus. E para fazer tanto, o período histórico não fica bem estabelecido, a inferência é feita pela dinâmica dos personagens centrais. Para enquadrar o clássico de Dumas para a grande tela, simplifica-se a trama e altera alguns pontos. Os mais gritantes contrastes estão na jornada do herói (desempenhada pelos quatro amigos), a acusação de traição dirigida ao cardeal, a demissão do cardeal pelo rei (tacitamente entendida pelo soco) e a redenção de D’Artagnan (no tocante a memória de seu assassinado pai) ao duelar e matar o cruel Rochefort.
Assim, ao refletir as necessidades de doutrinar segundo premissas maniqueístas, a obra cinematográfica reflete o mundo em mudança na época (fim do século XX). Ao manter a dualidade bem e mal fica explícita a questão que acaba de ser superada, a polarização mundial que até 1990 existia. Até o ano mencionado, de um lado estava os Estados Unidos e do outro a União Soviética, em que aquele que falava era o bom e o de que se falava era o mau. A diplomacia com múltiplos participantes, que havia no período de Dumas, ainda está para ser restabelecida por aqueles que não buscam colocar um inimigo para manter a polarização falam em hegemonia de uma única potência.


5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Quando se aborda temas sob a perspectiva de um filme sobre eventos históricos devem ser mantidos dois elementos em mente, o primeiro, filmes estão intimamente comprometidos com a finalidade de entretenimento, e segundo, o anacronismo, em que valores atuais são transpostos para épocas passadas e todo o conjunto de valores existente à época é substituído ou questionado (com subseqüente juízo de valor – e declarado o adotado no passado sendo equivocado).
Por fim, ao examinar tanto as posturas políticas como a narrativa delas, vê-se que o homem está comprometido como uma estória e uma história. Porque as duas estão relacionadas com ideais, e nada melhor para externar uma ideologia do que a narrativa, e, principalmente, o que a narrativa tenta ocultar. O cardeal ao agir mostra como uma pessoa pode oficiar para a força do seu país, como ao usar de idéias (filosofia) se pode moldar a história, não para trás, mas sim para frente.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1995.

DUMAS, Alexandre. KUPSTAS, Márcia. Três Mosqueteiros. São Paulo: FTD, 2003.

GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: conflitos mundiais através dos tempos. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2005.

HAHN, Fábio Ancré. A Perfeição do Político no Pensamento do Cardeal Richelieu (Revista Varia Scientia, v. 05, n. 09, p. 205 – 208). Cascavel: Unioeste, 2005.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Editora Revista dos tribunais, 1997.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Jardim dos Livros Editora, 2007.

PARKER, Geoffrey. Cambridge Ilustrated History of Warfare. Cambridge: Cambridge University Press, 1995.

PERRY, Marvin. Civilização Ocidental: uma história concisa. 2. Ed. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2002.

O que John Wayne tem a declarar para o dia de hoje.

"Encha a sua mão, seu filho da puta." (o ator como o personagem Rooster Cogburn).

Relatório Da Apresentação




Tema: A Filosofia Como Instrumento do Autoritarismo.




Relatório Individual.


No dia 20 de junho de 2008 o vídeo sobre o mencionado tema foi desvelado para o público composto pela turma do 2º ano de Filosofia da PUCPR, bem como o professor da matéria de Prática Profissional e convidados.


O material didático referente ao vídeo teve sua apresentação uma semana antes.


Da reunião dessas duas peças um mito veio a tona: A apresentação concomitante ao vídeo.


A primeira mostra do conjunto foi revestida de teatralidade mínima, uma vez que a intenção era só a exibição do vídeo. Mesmo assim, o grupo se fez presente com os trajes característicos.


O vídeo mostrou sua força, apenas pequenos detalhes foram apontados quanto à presença de música no momento da fala, o que poderia interferir na compreenção. Dado o objetivo estar mirado nas estrelas, dicas para aparar as arestas deste diamante bruto foram acatadas.




Dois meses depois, dia 20 de agosto de 2008. Após negociações com várias entidades, leia-se, Sinagogas, Igrejas cristãs de diferentes linhas e a Direção de Sociologia da PUCPR. Apenas o curso de Sociologia se mostrou bravo o bastante para embarcar nessa experiência intelectual.


O horário - 20:45. Campo de batalha - sala A25. O inimigo - a ignorância.


O grupo de alunos que idealizou a temática, João, Juliana e Petter, aliado aos acadêmicos de Sociologia empreenderam combate a este mal global (ignorância). A apresentação se deu como uma batalha de três frentes: o vídeo, o caderno de atividade e a exposição do grupo. Intercalando a fala dos palestrantes, devidamente imbuídos do espírito do pesquisado, o vídeo e relacionando com o colacionado na apostila o conteúdo foi passado em revista. Missão cumprida, a operação foi um sucesso.




Relatório do Grupo.


Com o intuito de transmitir o vídeo produzido, bem como o material (caderno) didático, intitulado “A filosofia como instrumento do totalitarismo”, a equipe B-52 se dispôs a apresentá-lo para um grupo com interesse sobre o tema proposto.
O primeiro lugar procurado para a apresentação foi uma sinagoga, visto que, a temática exposta na película é de total interesse, todavia não foi possível a apresentação do material, pois, segundo as sinagogas que foram entradas em contato, estas não possuíam um grupo para atividade deste gênero.
Dessa forma, o público escolhido para a apresentação do material filosófico foi o 2º período da turma de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. No dia 20 de agosto de 2008, na sala A-25, às 20h45min deu-se início a apresentação da mostra do filme filosófico: “A filosofia como instrumento do totalitarismo” (“será possível a filosofia capaz de “praticar” o mal?”).
Acolhimento e admiração. Admiração, característica marcante na face dos espectadores, pois com uma abordagem dinâmica que prendeu a atenção do início ao término da exposição permitiu uma interação específica entre o tema proposto e quem o assistia.
Afinal, o vídeo foi aceito de forma convincente e positiva? Segundo os comentários após a apresentação sim. Elogiaram a forma em que foi transmitido o vídeo (forma teatral + filme + comentários + caderno),e o que mais foi destacado no grupo foi a visão ampla dos acontecimentos históricos, não priorizando somente um lado, mas uma totalidade e multiplicidade de acontecimentos ( referência aos modelos contemporâneos de totalitarismo = nazismo e socialismo marxista).
Por fim, à luz da apresentação do vídeo perante um público diferente ao do convívio acadêmico de filosofia deixou uma possibilidade confortante ao grupo B-52. O tema escolhido para a confecção e elaboração do material didático teve o intuito de transmitir um alerta à sociedade atual, apontar que estes acontecimentos não cessaram, pelo contrário, o que instigou o grupo a saber mais sobre o assunto, e, ter a chance de transmiti-lo a públicos diferentes.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

O belo como símbolo da moral (ótica kantiana).

O tema foi proposto pelo mestrando em Filosofia Luciano, aluno orientado pelo professor Daniel Omar Perez, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
O belo pode ser símbolo da moral, ou é a expressão da superficialidade no meio social? Será que belo é apenas relacionado com prazer visual, e é ausente de qualquer conteúdo (moral/intelectual)?
Mas para responder às questões levantadas deve se perguntar a linha de pensamento adotada. Com o estabelecimento de uma linha de raciocínio, pode adotar conceitos necessários para se aproximar de uma solução. A pesquisa se pauta nos ideais kantianos.
Como Kant entende a beleza? Para este pensador a teoria estética está calcada no juízo. O juízo por sua fez pode ser anterior (a priori) ou posterior (a posteriori) a um estímulo.
Ao questionar a resposta que algo considerado belo implica em uma pessoa, nota-se que ao julgar os gostos, as reações são frutos de emoções, e emoções peculiares a cada indivíduo. Assim, o juízo da beleza é posterior (juízo a posteriori) ao ato gerador do sentimento de belo. O ponto seguinte a ser trazido a tona é como este juízo fica em relação a interferências (é desimpedido?).
O veículo capaz de avaliar os juízos, e os dados apreendidos, está na vontade.
Tal qual o exame do belo, se faz a valoração da moral. A moral, e sua existência verdadeira, está em como resta configurada a vontade. E então, vontade em Kant é a delimitação de quanto as paixões incidem na atitude, a vontade egoística mancha a conduta. A maneira de agir livre e desimpedida ausente da incidência de qualquer paixão e desapegada de posterior reconhecimento redunda em virtude. O ser racional finito, que é o homem, só atinge a sabedoria prática, ou seja, só obtém para si um sistema de valoração, se age sem paixão, com a vontade de agir daquela forma exclusivamente.
Todavia, o filósofo alemão expõe que a beleza em si não é exclusiva à obras de arte ou fenômenos da natureza. Mas sim está relacionado com o livre-arbítrio, com o uso desimpedido (ou ato voluntário não viciado pelas paixões) das faculdades, ou seja, o prazer estético está na certeza de apreciar o imaginado e entendido sem interferências. Nota seja feita, de que este prazer, esta contemplação do belo não ocorre na esfera da consciência, não é um julgamento do cognitivo mesmo com os contornos de racionalidade no vislumbre de algo tido como dotado de beleza.
Pelo exposto, beleza é um julgamento moral. Logo, meio legítimo da moral.

Paranóia no 'Nam

"Cada minuto que passo neste quarto, fico mais fraco. E cada minuto que Charlie se abaixa no mato ele fica mais forte."
Capitão Willard, personagem de Martin Sheen em Apocalypse Now.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Sabedoria por Dirty Harry II

"Vá em frente, e faça o meu dia!"

Porteiro SM e outros valores morais relacionados.

Outra análise de filme. A obra em questão é:
O Porteiro da Noite (Il portiere di notte, no original). Itália, 1974.
Direção de Liliana Cavani, no elenco Dirk Bogarde, Charlotte Rampling, Philippe Leroy-Beaulieu, Gabriele Ferzetti e Isa Miranda.
O ponto a ser vislumbrado no presente ensaio são os traços mentais que Lacan apontaria, e ainda o aspecto filosófico contido na obra sob a luz de Immanuel Kant.
Porém, antes de atacar a questão mostrada anteriormente, convém contar o filme em si.
Tudo começa treze (13) anos após a Segunda Guerra Mundial, em Viena, mais precisamente em um hotel na mencionada cidade austríaca. No momento em que Lucia Atherton, violinista em uma filarmônica americana, e seu marido, maestro do tido conjunto de sobro-cordas-percussão, chegam ao hotel, esta tem a impressão de conhecer o porteiro.
O porteiro por sua vez, durante a guerra, foi oficial da SS. Para esconder seu passado, trabalha compulsivamente e se reúne com seus colegas nazistas. Em dado momento do filme, revela que trabalha no turno da noite por ter vergonha da luz do dia, ela revela para o seu consciente o passado que quer ocultar.
Lucia tinha sido prisioneira em campo de concentração do 3º Reich, mas acreditava ter superado tudo com o transcurso do tempo, e sucesso na vida (seja o profissional, como o pessoal). Todavia, a impressão de já conhecer o porteiro perturba a personagem em questão. A noite ela volta a ter pesadelos com o período que experimentou treze (13) anos antes. E, pela má sensação, passa a evitar o porteiro quando os serviços desse são requisitados por seu marido.
Mas Maximilian Theo Aldorfer, o porteiro, Max para simplificar, percebe que há algo estranho quanto àquela mulher. Ele percebe e relata suas conclusões à sua confidente, a condessa. A condessa e amiga no círculo nazista recebe favores de Max, este arranja companheiros noturnos para essa, assim tendo sua reputação estimada no hotel e sua administração.
Neste passo, há o primeiro obstáculo para o clímax da película, o confronto entre Max e Lucia. Max pede que um colega o substitua em um evento para que possa ir ao quarto de Lucia. Esta se esquiva, mas é inevitável, ao se verem cara à cara a audiência espera ódio, entretanto o que se vê é uma paixão que ultrapassa os limites do comum, tanto que a crítica condenou como transgressão sexual.
Max é um sádico e um masoquista, já Lucia por perseguida no campo de concentração e protegida por Max claramente apresenta traços da Síndrome de Estocolmo. Chegando a realizar as fantasias do amado.
Eles retomam o que interromperam com os desenlaces da 2ª guerra mundial. E é aí que surge o próximo obstáculo da trama. Os colegas do regime anterior criaram um grupo de apoio, com alegadas bases psicológicas de curarem os que serviram naquele, e darem um seqüência de vida de pura paz. A questão é que eles "arquivam" as testemunhas, em outras palavras as eliminam. Ao ser confrontado pelos amigos, ele nega ter encontrado alguém que o conhecia antes de ser porteiro. As tentativas de Max falham, tudo é descoberto, e é exigida a presença da moça.
Como estratégia ele a acorrenta no apartamento, para que não a levem, e assim trabalhar tranquilo. Inútil, um representante chega até ela, e expõe o sadismo e a necessidade do testemunho de Lucia, todavia, ao perceber que a moça não percebe a realidade pelo quadro mental que apresenta uma solução é proposta, morte aos dois.
Para não possibilitar a solução, Max e Lucia se trancam no apartamento do primeiro. Os nazistas cortam o suprimento de alimentos para forçar a saída. O racionamento leva à fome. E uma única saída é vislumbrada, confronto.
O casal vai à rua, ela com um vestido que lembra momentos pretéritos e ele com seu uniforme da SS. Ao chegarem a uma ponte são mortos a tiros. Fim.
Onde se vê Lacan? Está no masoquismo e modo de pensar sádico de Max. Tal como em Freud, excessos sexuais estão mais ligados à pulsão de morte (tanatos) do que à pulsão de vida (eros). E assim se dá por haver a rejeição do objeto de desejo, espelhando a própria existência do agente. Tudo gira pela idéia da punição aplicada, o objeto não é mais simplesmente sexual, o aspecto sexual fica em um plano inferior enquanto o punir toma o centro das atenções.
Kant está na vontade. E só nela, pois a moral está totalmente entregue a vontade, logo corrompida, e então, não é moral. Relembrando, vontade em Kant é a delimitação de quanto as paixões incidem na atitude, a vontade egoística mancha a conduta. A maneira de agir livre e desimpedida ausente da incidência de qualquer paixão e desapegada de posterior reconhecimento redunda em virtude. O ser racional finito, que é o homem, só atinge a sabedoria prática, ou seja, só obtém para si um sistema de valoração, em si um dever, se age sem paixão, com a vontade de agir daquela forma exclusivamente. Este dever mencionado é o cultivo da virtude (a ética), meio de se aperfeiçoar. No filme há vontade, mas permeada de paixões, assim não há virtude e a configuração do dever é negada.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Vai lutar contra o sistema, assim, lá longe!

"Sócrates era feio, Platão era gordo e Aristóteles era um almofadinha." David Gale bêbado lecionando para transeuntes no meio da rua, no filme A Vida de David Gale.


O filme a ser comentado neste espaço é:

Título: A Vida de David Gale (The Life of David Gale).
País de origem: Estados Unidos da América e Alemanha.
Ano: 2003.
Direção: Alan Parker.
Elenco: Kevin Spacey, Kate Winslet, Laura Linney, Gabriel Mann.
Duração: 130 minutos.
Gênero: Drama.
Distribuição: Universal Pictures.

A sinopse do filme, contida no verso da caixa do DVD, expõe: David Gale (Kevin Spacey) é um brilhante professor de filosofia. Tem livros publicados, é respeitado, extremamente inteligente... mas está no corredor da morte, aguardando sua execução. Ele é acusado de ter estuprado e assassinado uma colega de trabalho e ex-aluna. Às vésperas de sua morte, David pede a presença da repórter Bitsey Bloom (Kate Winslet) para que lhe conceda uma entrevista na qual contaria toda a verdade sobre o caso. Uma história inacreditável, envolvendo alcoolismo, a mulher que o abandonou , a melhor amiga (Laura Linney), que está morrendo de leucemia, um advogado incompetente e um governador que adoraria eletrocutá-lo. Quanto mais Bitsey ouve, mais fica estarrecida. Mas com apenas quatro dias para a execução, talvez seja tarde demais para inocentá-lo.

Convém iniciar o presente comentário com uma explicação: Por que neste filme escolhi usar o resumo comercial do filme, ao invés de usar minhas próprias palavras? Respondo: Por ter este filme um arco de estória fenomenal, e ao narrar o filme poderia incorrer na revelação de um evento que só competiria à trama conduzir o espectador. Assim, deixo o breve relato do filme para a empresa distribuidora e passo diretamente às questões filosóficas.
O tema da vontade. Vontade em Filosofia é abordado desde Platão, mas neste ela deve ceder ao ideal maior, e deve ser sempre contida pela moderação. Com Aristóteles, é apenas reflexo da matéria que anseia movimento. Descartes fala que é a agitação da alma, e Kant realiza no sentido de conservação das coisas. E Hegel afirma ser desejo/vontade um reflexo da auto-consciência. Mas a melhor forma de expor desejo é como o personagem do título, em uma palestra ministrada, conta: "Você não quer a coisa, mas sim você quer o que fantasia a respeito da coisa." Em Lacan é o desejo constante, pois uma vez obtido o objeto de desejo, gera com que a pessoa substitua por um novo desejo.
Já o ponto verdade, é ainda mais controvertida que a questão vontade. Verdade em termos gerais é a sinceridade, a boa-fé e honestidade. Seria a conformidade entre o relatado e o ocorrido. Os elementos que influem na delimitação da verdade são a subjetividade, o objetivo do discurso, ou, ainda, a própria concepção de mundo se atingida por um grau de relatividade.
Como conclusão se pode ver que vontade em dados momentos podem ocultar a verdade. Pois a verdade está ligada à fala, e esta pode acabar como escrava da vontade. E tal fato no filme é revelado por um jogo de palavras:

"Eu sei quando morrerei. Mas não posso dizer porque." Aqui a palavra poder pode significar duas coisas, o não poder por desconhecer a verdade ou não poder por não ter a vontade de revelá-la. Para saber qual era o caso de David Gale, fica a recomendação de assistir a esta brilhante narrativa.

Dever define a pessoa?

Como já ocorreu neste blog, a presente postagem é determinada pelo professor e o objetivo dela é comentar a pesquisa de uma aluna do mestrado da PUCPR (nota seja feita de que a autora da temática - a professora Sônia - tratada é orientada pelo professor responsável do requisito Blog).
O filósofo que serve de base conceitual é Immanuel Kant, em especial na postura adotada na publicação Metafísica dos Costumes. Este pensador é ponto de síntese da Filosofia Moderna, bem como pode ser considerado o maior ponto do pensar no período final do Iluminismo. Nas suas construções há a delimitação e revisão dos conceitos necessário para a sua edificação de teses em Epistemologia (Teoria do Conhecimento), Metafísica e Ética.
O tema da pesquisa citada no primeiro parágrafo é A Natureza Humana e os Fins como Deveres em Kant. A proposta do exame gravita pelos termos "natureza do homem", "deveres da razão" e "phýsis", pontos tidos como problemas fundamentais.
Conforme a seqüência exposta, inicia-se pela natureza do homem. Neste prisma o homem é visto como agente moral livre, ou seja, a busca do conhecimento e as ações conseqüentes são frutos de uma postura ativa do ser humano. Com suas faculdades, emprego da mente, pelo seu sistema de síntese calcado em regras, o exterior é captado. Todavia há o detalhe de expor que o homem deve ser visto como cidadão do mundo. E para tanto Kant afirma que seres racionais, por natureza fins em si mesmos, devem viver por máximas que restrinjam o relativo e o objetivo arbitrário. Logo, o homem, e suas decisões, está no centro do mundo cognitivo e do moral. Pois o mundo é percebido pela experiência e conceitos apriorísticos, então, a experiência válida depende de condições necessárias (pré-existentes) quanto ao pretendido.
Deveres da razão, no autor alicerce do estudado, é um conceito ético que está determinado pelas leis, experimentadas e corroboradas pelo intuído (a idéia anteriormente contida nesse indivíduo), possuídas pelo ser humano inserido no mundo. Mas tudo isso redunda em um afunilamento da idéia de dever da razão, no sentido de o enfoque recair sobre os deveres de virtude.
Já o termo "phýsis" é recepcionado por Kant, este é termo grego referente ao mundo, mas não um mundo físico por si só. E sim, o mundo físico, realidade, apreendido pelo sujeito que investiga e que muda. Em resumo, o mundo dinâmico e que se relaciona com as pessoas. Portanto, apenas um item no mecanismo que opera na capacidade de saber do homem.
Como conclusão se pode ter que a dignidade na conduta, o ato virtuoso, é medido pela forma como a vontade remete o indivíduo à execução conforme. Se as paixões incidem na vontade, a conduta resta manchada. A maneira de agir livre e desimpedida ausente da incidência de qualquer paixão e desapegada de posterior reconhecimento redunda em virtude. Só dessa forma o ser racional finito que é o homem atinge a sabedoria prática, ou seja, este obtém para si um sistema de valoração, em si um dever, e este dever é o cultivo da virtude (a ética) configurando meio de se aperfeiçoar.

Sabedoria por Dirty Harry.

"Eu sei o que você está pensando, vagabundo. Você está pensando: ele atirou seis vezes ou só cinco? Para falar a verdade, até eu esqueci com toda essa ação. Mas já que esta é uma .44 Magnum, a arma de mão mais poderosa do mundo, e que pode explodir sua cabeça de vez. Você tem que se perguntar: Eu estou com sorte? Então, está, vagabundo?"

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Proposta de Material Didático

A ÉTICA E A PSICANÁLISE - DE FREUD À LACAN.


INTRODUÇÃO

- CONCEITOS
Ética – do grego ethos, que designa modo de ser e caráter. Permite que os indivíduos se relacionem de uma maneira harmoniosa com a natureza e a sociedade, quer dizer, o modo como o ser se relaciona com estes meios através da moral[C1] .

Ética psicanalítica - denomina-se como uma exigência de sustentação do desejo, ou seja, a partir do fato de que o desejo impere sobre a razão, esta ética torna-se uma ética trágica. Lacan descreveria como na tragédia grega de Sófocles, “Antígona[C2] ”. A vontade de saciar o desejo é enaltecida na psicanálise, uma coisa que é perdida desde sempre, o que mobiliza o indivíduo a estar sempre em busca de algo, alguma coisa que está perdida desde sempre (desde o nascimento, e que talvez a encontremos novamente na morte). Posto isto, funda-se a ética psicanalítica que estaria sempre preocupada com a busca de algo perdido.


- OS PENSADORES
Sigmund Freud (1856 – 1939)
Biografia:
Psiquiatra e neurologista de origem austríaca e checa. Pelas teorias sobre a mente inconsciente, o mecanismo mental protetivo da repressão e sua redefinição de desejo sexual é tido como o pai da psicanálise.
Até hoje é uma figura incompreendida em alguns meios científicos pela sua utilização dos sonhos como fonte valiosa para tentar obter os elementos contidos no subconsciente, bem como o próprio corpo de suas obras é objeto de debate.
Vontade e a ética:
Freud ao tratar a vontade a divide em duas ordens, a vontade de vida e a vontade de morte. A vontade de vida, libido, é a energia produtiva no ser humano. Já a vontade de morte, thanatos, é a necessidade humana de retornar ao estado de paz, calma. O primeiro leva o indivíduo a evitar desprazeres extremos que põem em risco a vida. Por outro lado este, último, leva a prazeres extremos como forma de levar à morte. No tocante ao exposto, a ética seria algo em que se emprega uma constante busca, e esta busca é pela COISA perdida desde sempre. Porém, talvez, o único lugar que se encontre a mesma seja na morte.
Jacques-Marie-Émile Lacan (1901 – 1981)
Biografia:
Psicanalista francês, formado em medicina com especialização em psiquiatria. Sua contribuição maior se deu pelo avanço nas teses de Freud. As três ordens (o imaginário, o simbólico e o real) figuram como os aspectos teóricos que marcaram seu pensamento pós-estruturalista.
Vontade e a ética:
A vontade lacaniana em muito segue a estrutura proposta por Freud, centra a construção nesta. A psicanálise é o veículo capaz de revelar a verdade por trás da vontade, e assim possibilitar eventos como a cura. Detalhe particular é a diferenciação feita por Lacan de vontade e necessidade. A necessidade é um motor biológico, instinto, que cria a demanda do corpo por certa coisa. Quando o instinto é atendido, porém sempre insatisfeito, o que permanece é a vontade. Vontade não é uma relação com uma coisa, mas sim com a falta dela.
Como para este psicanálise é o método para se chegar ao seu próprio ser, assim há a elaboração da idéia de sujeito. Disto, vontade cotejada com ética se tem que a psicanálise como uma experiência ética, estava baseada em uma concepção ética (desejo).


QUESTÕES E REFLETINDO...

Qual a diferença notável entre a ética e a ética da psicanálise?
Através da distinção entre ética e a moral?
Como é possível fundamentar a ética no desejo?
Com base na função psicanalítica da ética, como no contexto em que vivemos, esta poderia ser aplicada? Quais fatores contribuem para esta noção?
Qual ao ponto de fundamentação da ética na psicanálise?
Para você, o que seria a busca pela “coisa que foi perdida”, segundo Lacan?
Como é possível a psicanálise como experiência ética?
Segundo as teorias psicanalíticas, o desejo é algo insaciável e que está em constante busca da satisfação. O desejo é realmente algo insaciável, em todos os sentidos?
Porque muitos filósofos lançam o desejo como algo não ético, e para psicanálise o desejo é uma experiência ética?
Com base na psicanálise de Freud e Lacan, elabore um conceito original sobre a ética psicanalítica.

MATERIAL DE APOIO.

LIVROS

MILLER, Jacques-Alain. Percurso de Lacan, uma introdução. Jorge Zahar Editor.
JORGE, Marco A. Coutinho. e FERREIRA, Nadiá P. Lacan,O Grande Freudiano. Jorge Zahar Editor.
FREUD, Sigmund. Interpretação dos Sonhos. Editora Imago.
JORGE, Marco A. Coutinho. e FERREIRA, Nadiá P. Freud – Criador da Psicanálise. Jorge Zahar Editor

FILMES

CÃES DE ALUGUEL, de Quentim Trantino.
PLATOON, de Oliver Stone.
O CLUBE DO IMPERADOR, de Michael Hoffman.

[C1]mos (ou no plural mores) (costumes, de onde se derivou a palavra moral.)..

[C2]Antígona é uma figura da mitologia grega, filha de Édipo e Jocasta.
A versão clássica do mito sobre a Antígona é descrita na obra Antígona do dramaturgo grego Sófocles, um dos mais importantes escritores de tragédia. Esta obra é a terceira parte da Trilogia Tebana, os quais também fazem parte Édipo Rei e Édipo em Colono. (In:Wikipédia)

Frase religiosa

"Quero esse banheiro tão sanitário que até a própria Virgem Maria sentiria orgulho de dar uma cagada nele."
Sarg. Hartmann, personagem de R. Lee Ermey em Nascido para Matar.

Psicanálise e Ética, não é Freud que explica

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Religião + Lei = Kant falando


A presente postagem é determinada pelo professor e o objetivo dela é comentar a pesquisa de um aluno da PUCPR (que fez PIBIC - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - orientado pelo professor inventor da necessidade do Blog).

Assim, a referência fica:

CONCEIÇÃO, Jorge Vanderlei Costa da. A Lei Moral e a Possibilidade de uma Religião Racional Derivada da Moral Pura. Curitiba: PUCPR, 2007.


Incidindo no tema, a questão ronda conceitos como lei moral, religião e natureza humana pelo prisma kantiano.
Em qualquer filósofo há a delimitação e revisão dos conceitos necessário para a sua edificação da tese visada.
Pela ordem, inicia-se pela natureza humana. Para este o homem está no centro do mundo cognitivo e do moral. Assim, atribui-se ao ser humano uma posição ativa na busca pelo conhecimento. O sujeito humano racional, pelo uso da mente, em um sistema de síntese baseado em regras, percebe espaço e tempo. Logo, o transcendental é produto da mente humana, e deste ponto advém a limitação epistemológica. Do exposto, moral, religião e bem estão no homem, nada de natureza ou Deus, mas sim homem. Assim, tem-se que o mundo é percebido pela experiência e conceitos apriorísticos, ou seja, a experiência válida depende de condições necessárias (pré-existentes) quanto ao objeto estudado.
Lei moral, é o imperativo categórico, a conduta esperada do ser humano. Porém esta se relaciona com a vontade. A vontade, por sua vez, também se relaciona com as paixões do sujeito. Nesse relacionamento lei moral - vontade - paixões, está o juízo de valor que se faz da conduta humana.
A dignidade na conduta, o ato virtuoso, é medido pela forma como a vontade remete o indivíduo à execução conforme. Se as paixões incidem na vontade, a conduta resta manchada. A maneira de agir livre e desimpedida ausente da incidência de qualquer paixão e desapegada de posterior reconhecimento redunda em virtude.
Aprofundando a temática a fé surge. Fé é a base da religião, logo ao delimitar esta o reflexo é lançado sobre a última. Religião é uma face da lei moral, no entanto Kant especifica formas de fé: fé eclesial e fé racional. Fé eclesial está nos estatutos, nos dogmas, a cultura (como a religião) nem sempre refletem o ideal da virtude. Já fé racional está na boa conduta, o homem agindo conforme a lei virtuosa inata em cada um (aquela que valida a experiência posterior).
Para se chegar ao resultado pretendido pelo acadêmico referido de início, de uma religião racional, e esta baseada em uma moral pura, deve-se sustentar a construção religiosa apenas na fé racional. E tal resta possível pela argumentação do autor de ser a noção apriorística do objeto, fruto da religião racional (moral), daí serem os deveres morais fins divinos. A estrutura da religião racional pela moral pura, reflete uma feição de Kant capaz de relacionar religião racional com a sua causa e seu fim último. E para poder delimitar o fim último cabe, em tema de religião, nomear (em temos por todos compreensíveis) como o sumo bem ou, ainda, Deus.

Fé vs Lei Moral: Será que Vontade Basta?

Outro ângulo para JC.


Tal como a postagem referente ao filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, a história do filme em questão (“A Última Tentação de Cristo”, de Martin Scorsese) é bem conhecida pelos cristãos, ou pelo menos deveria ser para aqueles que assim se dizem. Porém com um detalhe o roteiro não é fiel à narrativa bíblica.
A estória de “A Última Tentação de Cristo” objetivou, e isto fica bem claro no início do filme dado o aviso que é apresentado, ser uma adaptação do livro de Nikos Kazantzakis. O livro e o filme, ambos possuidores do mesmo título, não seguem o evangelho. Assim, invalida a afirmativa do conhecimento da estória feita no primeiro parágrafo. Disto, tem-se que a linha da trama não segue o cânone do Novo Testamento, pelo contrário traz à baila a liberdade de Jesus.
Em breves linhas o filme apresenta Jesus, inicialmente, como o carpinteiro responsável pela convecção de cruzes para a execução dos mandados de um território ocupado por Roma. Tal trabalho mina o espírito do personagem, e faz duvidar das vozes que ouve (e atribui a Deus). Desprezado pelos conterrâneos, só o militante Judas acredita nele e, com isto, rejeita a missão dada pela célula revoltosa de assassinar o traidor que ajuda a causa romana. Com a peregrinação, a conversa com João Batista e as tentações de Satanás, o homem se aproxima do ideal de Cristo. Com a dúvida no coração, Jesus busca suporte na figura de Judas. Todavia, a trama segue para o desfecho esperado, a ceia, as acusações e a pena na cruz. A reviravolta se dá com a imagem que salva Jesus da morte e revela a idéia oposta, ele não é messias, cristo e filho de Deus. Deste ponto, Jesus casa com Maria Madalena até a morte dessa e segue os rumos da vida com a filha de Lázaro. A paz deste só é perturbada com a aparição de Paulo, que conclui ser a estória e ideal de Jesus Cristo maior que o homem real. Perto da morte a imagem que o salva mostra ser Satã, a crise se instala em sua psique, Jesus em meio aos caos volta ao lugar onde era para ter morrido e pede a Deus que os desígnio sejam cumpridos e ele morra para a humanidade viver... e Jesus volta para o momento da crucificação e cumpre o esperado.
Os olhos filosóficos incidentes na película revelam conceitos como dever, sofrimento e verdade.
No quesito dever se remete aos ideais filosóficos da era helênica, onde se espera que o bom homem se anule frente à sua missão de vida. Porém este é melhor abrigado na questão sofrimento e verdade, que aparecem no conflito narrado por Arthur Schoppenhauer em vontade e desejo. A vontade de viver desse filósofo é a força que impulsiona o home, mas esta é permeada por paixões. E preso ao desejo o homem vive em um mundo de objetos, logo, restando atormentado por isso, mas é o bastante para fazer o ser humano perseverar.
Todo o mencionado no parágrafo anterior é sentido pelo Jesus da produção cinematográfica, até que frente à decepção do esvaziamento de sua vida (cedeu a tentação do diabo), ele supera o modelo de Schoppenhauer e elege o propósito estóico do dever (“E está cumprido”, como afirma o Cristo retornado à cruz).

Frases da 7ª Arte

"Na guerra, a primeira baixa é a inocência".
Frase promocional do filme Platoon.

JC no Cinema: Mensagem POP



A história em questão é bem conhecida pelos cristãos, ou pelo menos deveria ser para aqueles que assim se dizem. Mais do que um meio de difundir uma fé, a narrativa bíblica, ao se abstrair o ponto voltado para a religião, é um veículo de ensinar valores morais ou informar um evento o qual o escritor considerou relevante para ser passado adiante, digno de ser transmitido para as próximas gerações.
A estória de “A Paixão de Cristo” teve o intento, conforme afirmado pelo diretor e co-roteirista Mel Gibson, de ser o mais fiel ao espírito do evangelho possível. Acrescentando elementos esclarecidos pela História (e os métodos de pesquisa arqueológica moderna). Disto, tem-se que a linha da trama segue o cânone do Novo Testamento, em especial o livro de João, no período compreendido pelo momento posterior à Última Ceia até a Ressurreição.
Em breves linhas o filme apresenta o homem Jesus sendo tentado por uma forma andrógina e humanóide que representa Satã. Dos percalços surge a força e determinação de Jesus, o que resulta em um confronto com Caifás (e daí a acusação de blasfêmia pela pronuncia do nome divino). Da série de problema de jurisdição ente hebreus (representados por Herodes) e romanos (sob a direção de Pôncio Pilatos). Ao fim, pela pressão do clero judaico cabe aos romanos a sentença e execução da pena de Jesus. Em uma última manobra, por influência de sua esposa, Pilatos tenta uma saída com o perdão do feriado (o povo poderá libertar Jesus ou outro indiciado – Barrabás). O povo corrompido pelo dinheiro de Caifás liberta Barrabás e Jesus é crucificado. Mas o caminho da crucificação (Via Cruxis, em latim), bem como a prática da tortura em momento anterior – o inquérito de apuração de crime, é o marcante para a audiência. Marcante pela violência e as cenas de tortura explícita. Porém o filme termina com a mensagem da superação da carne, a ressurreição.
Agora a pergunta é: Como isso se relaciona com Filosofia? Em várias formas. Pois há a aceitação do dever característica epicurista e o existencialismo cristão (existência justificada pelo divino) de Kierkegaard. Existe também, e especialmente, a dualidade platônica que posteriormente é recebida pelos medievais da escola Patrística. Em que o Sumo Bem (Deus) é a idéia perfeita e o carnal é transitório, imperfeito e que cabe a cada pessoa almejar a Deus. Mas tanto Jesus como o filme fazem algo incomum no mundo da Filosofia, eles trazem uma resposta de como atingir os objetivos da humanidade, e esta resposta é o amor.


sexta-feira, 28 de março de 2008

Visão de Grupo sobre Nietzsche e Sanidade

A frase inspiradora da sexta

"Desculpa é como cu, todos tem."
Sargento Red O'Neil, personagem do filme Platoon (filme de Oliver Stone).

Uma atividade ímpar, desenvolver um filme

Grupo B – 52
Roteiro para o filme

Tema: Filosofia como instrumento/ferramenta do autoritarismo

Anotações:De início conceituar autoritarismo, e provocar um pensamento filosófico como suporte para o anterior. A intenção é mostrar o grau de envolvimento com a violência e a legitimação de atitudes.

Duração:
50´Divisão do tempo de duração em 6 partes:
1. Introdução; (0´ a 5´)
2. Antiga; (5´ a 10´)
3. Medieval; (10´ a 20´)
4. Moderna; (20´ a 30´)
5. Contemporânea; (30´ a 40´)
6. Conclusão. (40´ a 50`)

1. Desenvolvimento de conceitos (igualdade, tolerância, justiça...)
Anotações:Do percurso para as formas de governo, e como a guerra foi utilizada neste viés (John Keegan). Bem como os conceitos necessários.
2. Antiga Anotações:Mostrar as formas de governo de Platão (A República) e, também, a distinção das pessoas existentes. Cortejar com Aristóteles e suas dietas voltadas para o aperfeiçoamento do modelo de ser humano, mais a perspectiva imperial romana de Marco Aurélio.
3. Medieval Anotações:Religião e Estado. Mostrar como as ordens guerreiras deixaram suas marcas com a batalha por Jerusalém (Templários). * Tomás de Aquino e Política.
4. Moderna Anotações:Os avanços tecnológicos justificados pela mudança de mentalidade. A constituição dos impérios e a seqüência na diferenciação humana presente na Grécia.
5. Contemporânea Anotações:“E com os meus atos eu dou a luz ao século XX.” (Atribuída a Jack, o estripador. No filme do J. Depp)Trazer os ideais que fundaram os movimentos extremistas que desencadearam a Primeira e a Segunda Grande Guerra Mundial. Fazer claras referências aos filósofos da época em questão.
6. Conclusão Anotações:Mostrar a evolução dos conceitos, e como a filosofia foi utilizada para justificar outros conceitos (intolerância, violência, Estado, ...). Bem como o autoritarismo já se valeu e ainda se vale de ideologias e a própria filosofia (Hugo Chávez e Evo Morales).

Material de apoio:
Livros - obras dos filósofos, mais o de John Keegan, mais alguns de História;
Filmes de Guerra (Platoon, Apocalypse Now, Hotel Ruanda...);
Outros filmes - Lista de Schindler; Forest Gump; O Pianista.

Proposta do Caderno de Atividades:Frente ao público o qual o vídeo é destinado (aluno de ensino médio), o caderno tem o fim de sedimentar os conceitos fundamentais e como eles se relacionam.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Frase desta Quinta

"Aqui, devido processo legal é uma bala."
Cel. Kirby, personagem de John Wayne em Os Boinas Verdes.

Mais uma vez Terapia com Filosofia


Nomes do alunos que elaboraram o presente exame:
Hugo A. Lemes
João Antonio Ferreira Gusi
Juliana Eluize Kureke
Petter Pablo Hübner
Veronice do Couto


A obra a ser analisada é:
PEREZ, Daniel Omar – Filósofos e terapeutas: em torno da questão da cura. São Paulo: Escuta, 2007. 274p.
O autor é licenciado em filosofia pela Universidade Nacional de Rosário (Argentina), mestre e doutor em filosofia pela Unicamp. Atualmente é professor no curdo de licenciatura em filosofia da PUC-PR (Curitiba). Autor de “Kant pré-crítico” (1998) e “Iniciação à filosofia” (2006); organizou “Ensaios de filosofia moderna e contemporânea” (2001) e “ Ensaios de ética e política” (2002). Publicou capítulos de livros e artigos de filosofia em revistas especializadas e ministrou conferências no Brasil, Espanha, Argentina, Chile e México.
Bem-estar. A temática ronda esta palavra, e para tanto trabalha com terapia, cura e filosofia.
Nos objetivos se vê a preocupação com a linha do tempo, mostra as diversas feições da relação sanidade do ser e filosofia.
Disto, trata-se de uma apresentação dos pontos considerados expressivos contidos na “Introdução” da obra em questão.
Ao vislumbrar o título de uma apresentação do livro, a pessoa é levada a pensar que apresentará o conceito de cura, a problemática envolvendo a definição anterior, a visão dos filósofos sobre cura com subseqüente enfoque dos terapeutas e, findando, com uma proposta de realidade desejada.
Porém o objeto de análise (livro) surpreende. Pois mostra o que o professor, o filósofo e o médico possuem em comum, bem como oferece pistas históricas disto.
Na esteira do fluxo da história a exposição pinça momentos que a atitude terapêutica conhecide com o pensar filosófico.
Cura no início está relacionado ao modo de vida, mas, ao final da exposição, conhecide com terapia. A prática reflexiva configura modo de ser, uma conduta de agir. Logo, filosofia englobava o conceito de cura. Ao contrário do que se deu com os conceitos anteriores, filosofia e cura se distanciaram.
Cuidar de si visando o bem-estar está, a muito tempo, preocupando o homem e, conseqüentemente, a Filosofia.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Filhos da Esperança, um ponto de vista.



Trazido como algo além do que os olhos captam no primeiro plano, o filme Filhos da Esperança (Children of Men, no original) seria veículo de diversas digressões filosóficas. Tal afirmação se vê reforçada pelo vídeo postado (no site http://www.youtube.com/) pelo pensador esloveno Slavoj Zizek.
O filme conta como um mundo em colapso espera o seu fim. Porém um evento muda a situação. Em um pedido inusitado o herói (Theo Faron, interpretado por Clive Owen) se vê envolvido no transporte de uma imigrante ilegal. Mas um novo degrau é aguardado para este, a mulher é a primeira grávida em 18 anos. Em meio a um desvirtuamento do movimento que assistia a transferência da mulher, há a intenção de usá-la como ferramenta política. Depois de muitos percalços o futuro pode ser vislumbrado ao final.
Com isto, poderia apontar como idéias do filme relacionadas com Filosofia a esperança, avanço cultural (mítica incluída) e moral.
A esperança se vê presente, e a conseqüente ação, toda a vez que a possibilidade de vida surge.
Já no campo cultural, tecnológico e social não se constata grandes avanços. Mesmo ambientado em 2027, pouca diferença é percebida com o ano da produção (2006). E tal fato foi intencional para o diretor por uma vez que as pessoas não possuem motivos para perseverar, pouco de novo será acrescido no campo sócio-cultural e no científico. Quanto à mítica, está nos nomes e alusões feitas no decorrer do enredo (o barco amanhã, a grávida brincando ser virgem, peixes, o caminho do herói) sem maiores intencionalidades de questionar os dogmas.
Moral é referente ao trato de um ser humano com outro. Como os cidadãos possuem privilégios que os refugiados não possuem. A temática pode ser vista no diálogo antes da eleição da nova liderança, em que uma vez o governo sabendo da criança de uma refugiada, iniciaria o dialogo para determinar se refugiados são gente. A conduta do valor do indivíduo é levantada nesta esfera.
Pelo vídeo citado no primeiro parágrafo, Zizek expõe que o melhor entendimento do filme está no pano de fundo, que a mensagem consta neste pano de fundo. Que este fundo é uma prisão para a esperança do herói. Onde os atos de alguns são depravação do real, e aí fazendo alusão às obras de arte, ou seja, atos isentos de sentido. Assim, pelo fundo abordar os temas de imigração, a tradição e a decadência cultural pós-68. No tocante à metáfora do barco, em este representar o estado de coisas, sem raiz, é deveras forçoso.
Contudo a visão do autor está um pouco mais ampla que o realmente mostrado. Pois, dada a sua formação psicanalítica, em especial na raiz lacaniana, há a busca por certos arquétipos existentes na construção de mentalidade. Extrapolando as temática da esperança e da mítica, incluso alargando os limites para abarcar questões de fertilidade (ante sexualidade conexa com fertilidade ser ponto apenas figurativo na fala dos personagens ao tratar de alguns eventos da história pessoal de cada um deles), não sendo em nenhum momento tratado sob todos os holofotes, mesmo sob o prisma da infertilidade espiritual (há messiânicos retratados na praça, há árabes engajados, etc...). Dar ênfase à sexualidade neste filme seria o mesmo que estabelecer construções pormenorizadas sobre o Estado de polícia que se instalou no ambiente do filme, outro figurante frente a "questão vida".
Pelo exposto, a película cativa pela dinâmica das imagens, em que tanto as pessoas de figuração como o ambiente exercem sua pressão nos personagens. O embate entre os planos da ação reflete a temática da estória, em que os segregados tentam a todo momento integrar a sociedade que os rejeita. O mais irônico é que no decorrer da trama não é o fundo de tela que passas ao primeiro plano, mas sim os heróis que, para sobreviver, são alijados para a paisagem, eles devem ter uma diminuição de status social para viver (e ter a chance de cumprir a jornada pretendida). Extraído este elemento, nota-se que a temática central (onde a aceitação, inclusão, discriminação, é tema secundário) é o sentido de finalidade da vida (propósito) e como esta se relaciona com conceitos como esperança, tolerância e barbárie. Da situação de caos pela impossibilidade de nova vida e do esforço ao perceber a chance de futuro, o que fica da experiência do filme é: que só se pode haver uma vida (satisfatória, feliz, ...) se há esperança (de futuro, continuidade, ...), e a esperança só é ativa com a projeção de vida. Ou seja, vida e esperança estão interligados, só pode haver um com o outro.