sexta-feira, 18 de abril de 2008

Vai lutar contra o sistema, assim, lá longe!

"Sócrates era feio, Platão era gordo e Aristóteles era um almofadinha." David Gale bêbado lecionando para transeuntes no meio da rua, no filme A Vida de David Gale.


O filme a ser comentado neste espaço é:

Título: A Vida de David Gale (The Life of David Gale).
País de origem: Estados Unidos da América e Alemanha.
Ano: 2003.
Direção: Alan Parker.
Elenco: Kevin Spacey, Kate Winslet, Laura Linney, Gabriel Mann.
Duração: 130 minutos.
Gênero: Drama.
Distribuição: Universal Pictures.

A sinopse do filme, contida no verso da caixa do DVD, expõe: David Gale (Kevin Spacey) é um brilhante professor de filosofia. Tem livros publicados, é respeitado, extremamente inteligente... mas está no corredor da morte, aguardando sua execução. Ele é acusado de ter estuprado e assassinado uma colega de trabalho e ex-aluna. Às vésperas de sua morte, David pede a presença da repórter Bitsey Bloom (Kate Winslet) para que lhe conceda uma entrevista na qual contaria toda a verdade sobre o caso. Uma história inacreditável, envolvendo alcoolismo, a mulher que o abandonou , a melhor amiga (Laura Linney), que está morrendo de leucemia, um advogado incompetente e um governador que adoraria eletrocutá-lo. Quanto mais Bitsey ouve, mais fica estarrecida. Mas com apenas quatro dias para a execução, talvez seja tarde demais para inocentá-lo.

Convém iniciar o presente comentário com uma explicação: Por que neste filme escolhi usar o resumo comercial do filme, ao invés de usar minhas próprias palavras? Respondo: Por ter este filme um arco de estória fenomenal, e ao narrar o filme poderia incorrer na revelação de um evento que só competiria à trama conduzir o espectador. Assim, deixo o breve relato do filme para a empresa distribuidora e passo diretamente às questões filosóficas.
O tema da vontade. Vontade em Filosofia é abordado desde Platão, mas neste ela deve ceder ao ideal maior, e deve ser sempre contida pela moderação. Com Aristóteles, é apenas reflexo da matéria que anseia movimento. Descartes fala que é a agitação da alma, e Kant realiza no sentido de conservação das coisas. E Hegel afirma ser desejo/vontade um reflexo da auto-consciência. Mas a melhor forma de expor desejo é como o personagem do título, em uma palestra ministrada, conta: "Você não quer a coisa, mas sim você quer o que fantasia a respeito da coisa." Em Lacan é o desejo constante, pois uma vez obtido o objeto de desejo, gera com que a pessoa substitua por um novo desejo.
Já o ponto verdade, é ainda mais controvertida que a questão vontade. Verdade em termos gerais é a sinceridade, a boa-fé e honestidade. Seria a conformidade entre o relatado e o ocorrido. Os elementos que influem na delimitação da verdade são a subjetividade, o objetivo do discurso, ou, ainda, a própria concepção de mundo se atingida por um grau de relatividade.
Como conclusão se pode ver que vontade em dados momentos podem ocultar a verdade. Pois a verdade está ligada à fala, e esta pode acabar como escrava da vontade. E tal fato no filme é revelado por um jogo de palavras:

"Eu sei quando morrerei. Mas não posso dizer porque." Aqui a palavra poder pode significar duas coisas, o não poder por desconhecer a verdade ou não poder por não ter a vontade de revelá-la. Para saber qual era o caso de David Gale, fica a recomendação de assistir a esta brilhante narrativa.

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