sábado, 11 de outubro de 2008

Pensando o Material Didático

1 MATERIAL DIDÁTICO.

O almejado no presente artigo é avaliar material didático, para com isso ter subsídios para confeccionar o próprio. Disto, o trabalho proposto era escolher dois livros didáticos utilizados com o fim de ensino no país, elaborar critérios, ter um juízo de valor e publicar o encontrado no blog.
O grupo de trabalho escolheu um livro desta natureza e uma coleção muito utilizada como auxiliar de professores ao elaborarem suas aulas.
Em termos enciclopédicos, material didático é o substrato utilizado com o fim de auxiliar a prática ensino/aprendizagem, é o meio que possibilita aluno a visualizar e exercitar o conteúdo visado. Atualmente, a regra é a prevalência da mídia escrita, com presença física, seja qual for a forma de encadernamento se aproximando mais da estética de uma apostila ou de um livro. Apontado isso, abordam-se, primeiramente, os critérios eleitos para pautar o exame do material, segundo a análise do objeto em questão, e, findando, nas considerações de utilização, segundo parâmetros subjetivos.


2 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO.

São os critérios adotados: adequação livro – público alvo; o formato ajuda na compreensão; linguagem; recursos gráficos; correlação dos veículos visuais e escritos; existência de síntese no final do assunto; presença de exercícios de fixação; indicações de livros e/ou filmes; consta embasamento/bibliografia; e traz fragmentos dos filósofos.
Adequação ao público alvo delimita se o autor atingiu seus objetivos, configurou a obra conforme a pessoa que pretendia ao desenvolver.
O formato do livro se comunica com o leitor, logo, a sua formatação importa em passar a mensagem tal como pretendia ao ser escrito.
Tal qual o ponto anterior, a linguagem desempenha função chave no diálogo com a pessoa que lê.
Recursos gráficos estão postos no sentido de ferramentas visuais que auxiliem na transmissão da mensagem.
Ao cotejar, formatação, linguagem e recursos gráficos se têm o presente quesito, correlação dos veículos escritos e visuais. Este é um momento para avaliar a coerência nas mídias.
Síntese no final do assunto está no intento de reforço na matéria. A presença é apenas um abono.
Todo o material didático deve conter exercícios de fixação, pois se não exercitar o tema tratado qual a razão de ensino ao classificá-lo como didático.
Indicações é algo de crescente importância frente à tendência da interdisciplinaridade. Ao fazer referência a outros livros, filmes, eventos ou outras matérias este requisito de atualização acrescenta na capacidade de se relacionar com o aluno.
Embasamento, referências e/ou bibliografia. Didático ou não, se a obra é filosófica ou não, para que seja tido com seriedade o autor tem de mostrar em que fontes os dados foram encontrados, e este é o momento de trazer tal aspecto a tona.
Último critério se refere ao fato de trazer fragmentos. Em se tratando de ensino de filosofia o contado com a palavra do pensador original é de suma importância para passar o modo de pensar deste. E isto só pode ser feito pelo contato direto com o texto do filósofo.


3 OS LIVROS.

Para propiciar melhor entendimento, os critérios anteriormente elencados serão aplicados em itens específicos subdivididos pelas obras analisadas. Para que a referência do material seja a mais precisa possível será utilizada a sistemática de nota com autor, título, local, editora e ano.

3.1. REALE, Giovanni. ANTISERI, Dario. História da Filosofia. (coleção em sete volumes). São Paulo: Editora Paulus, 2006.

Pelo dito na apresentação, o público alvo é jovem. O desenvolvimento mantém um tom técnico, mas tentando ser o mais claro possível sem perder o traço mencionado. Apesar de adequado o leitor médio deve empregar esforço.
O formato do livro se comunica, sim, com o leitor, logo, a sua formatação ajuda a compreensão.
Tal como dito na relação obra e público alvo, a linguagem é acessível, mas requer consultas ao dicionário para quem não esteja acostumado com o vocabulário de nuances técnicas.
Recursos gráficos variados são empregados (fotos, gráficos, colunas de destaque, cabeçalho claro e quadros).
Há correlação dos veículos escritos e visuais, o destaque maior fica com o início e o fim de cada capítulo.
Síntese no final do assunto está presente como modo de fechamento da temática. Possibilitando a transição para o próximo filósofo sem a preocupação de ter deixado ponto aberto no anterior.
A ausência de exercícios de fixação é o demérito por excelência dessa coleção, pois a Filosofia tem como premissa ensinar a pensar e perder a oportunidade de, em uma obra dessas, fazê-lo aqui é um equívoco.
Indicações restam limitadas para os textos clássicos dos pensadores abordados, pela proposta dos autores não haveria o porquê de trazer isto.
Embasamento, referências e/ou bibliografia é elemento prezado em todos os sete volumes que compõem o trabalho analisado. Nesse elemento resta demonstrado o cuidado com os dados apresentados.
O contato com o filósofo é a intenção da configuração dos livros, logo os fragmentos são trazidos para reforçar o exposto e possibilitar o contato direto do leitor e do pensador abordado.

3.2. TELES, Alexandre Xavier. Introdução ao Estudo da Filosofia. 34ª edição. 3ª impressão. São Paulo: Editora Ática, 2003.

O próprio título do opúsculo afirma ser uma introdução, algo preliminar, mais simples. Um livro que possibilite um contato inicial que desbrave caminho para um subseqüente estudo. Assim, não se faz adequada ao público alvo por se tratar de obra introdutória em que o assunto abordado com muitos pontos específicos, logo, torna-se muito pesado.
O formato do livro se comunica com o leitor quanto à divisão orgânica dos capítulos.
A linguagem frente ao tom desenvolvido para o livro se espelha, porém lançam sombra sobre o leitor. Tal sombra é fruto de ser muito difícil à luz do pretendido.
Os recursos gráficos não mantêm a mesma razão de aproveitamento. Os recursos utilizados no capítulo de Lógica estão de acordo com o exposto, outros capítulos não tem e outros são dotados de quadros com explicação de difícil compreensão, ou, ainda, sem a mesma.
Pelo afirmado no parágrafo anterior, a correlação entre as ferramentas escritas e gráficas não é uniforme (um ponto negativo, da mesma forma que o item anterior).
Síntese no final do assunto é inexistente.
Exercícios de fixação constam no fim dos assuntos. Como afirmado na justificação dos critérios, todo o material didático deve conter exercícios de fixação, pois se não exercitar o tema tratado se perde o espírito de ser do material. A nota a ser feita aqui é a complexidade dos mesmos, em que alguns extrapolam os pontos para além da Filosofia.
Indicações, seja para o texto do pensador original daquela idéia, sejam para elementos com o intuito de realizar a interdisciplinaridade, são ausentes.
A bibliografia utilizada consta de um grupo de amostragem restrito. De fato, é bem pequena se pensada frente a gama de assuntos que a obra trata.
Por último, o critério de ter fragmentos no corpo do trabalho. O autor apenas liga o fragmento de pensamento com o título do capítulo. Nada mais, não explica ou aborda o mesmo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Das obras tratadas a aplicação depende em muito do meio em que será empregado, o comum é que a forma como o sistema de ensino nacional opera não possibilita que o modo de ser quase que autodidata de pesquisa vingue. Assim, um aluno por conta própria se valer dos mesmos seria não aproveitar todo potencial da leitura e desperdiçar tempo valioso de estudo. Porém, como um reforço de aula pelo professor, com prévia abordagem da temática, delimitando os pontos a serem reexaminados, ambos podem figurar como literatura secundária. Entretanto, a figura de leitura de auxílio é mais destacada a coleção do professor Reale por contar com quadros sinópticos e fluxogramas.
Já na figura de professor a obra do professor Teles é de grande ajuda para programar uma aula de lógica, pela leveza, sem prejudicar a profundidade do assunto. Mas só nesse ponto. Todavia, os volumes dos autores Reale e Antiseri são companhias indispensáveis, tanto para formular a exposição do docente, dirimir dúvidas levantadas por alunos e estruturar exercícios de avaliação. Nota cabe nesse ponto, aquele que pretende ensinar que baseia sua prática em apenas uma fonte está banalizando seu trabalho, a base (a bibliografia) utilizada deve ser a mais ampla (vasta) possível, pois quanto mais alto de pretende erguer o prédio mais forte deve ser a fundação.
Por fim, melhor material didático é a relação professor – aluno, a comunicação que existe entre eles. Aristóteles diz que o homem (e a mulher, tem de elucidar hoje) é um ser político. Ao afirmar isso, ele quis afirmar que as pessoas são entes que vivem pela dinâmica social, e como tal, o ensino faz parte dessa dinâmica. Não há convivência sem comunicação, não há aprendizado sem convivência, logo, deve haver diálogo para que ocorra a transmissão de conhecimento. Não importa o livro adotado, os envolvidos devem saber falar e escutar, e para que isso ocorra com racionalidade, respeito ao outro deve prevalecer.

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