sábado, 30 de agosto de 2008

Política de Capa e Espada



1 INTRODUÇÃO.

A temática do presente artigo está em como uma obra cinematográfica pode ajudar a entender uma época passada. Para lançar uma luz sobre a temática da dinâmica social do século XVII, bem como a criação de personagens de ficção pode ajudar a entender a operacionalidade de alguns personagens no fluxo histórico. O real ponto objetivado é mostrar os fatos e idéias relacionadas para que com a apreensão dos dados as pessoas possam entender o percurso histórico.
Um dos pontos constantes é a revisão de atos tidos, pela História, como políticos. Cotejando com ensinamentos filosóficos para a obtenção do poder e manutenção de um Estado. Em linhas gerais, demonstrar a importância dos eventos estudados, e da própria Filosofia, estão na ordem ao vislumbrar o filme, com a devida sombra do livro que deu origem à estória.
O filme: OS TRÊS MOSQUETEIROS (The Three Musketeers, AUS/UK/USA 1993). Direção de Stephen Herek. Elenco: Charlie Sheen, Kiefer Sutherland, Chris O’ Donnell. 105 min.


2 A figura do cardeal richelieu.

A primeira pergunta, para aqueles pouco familiares com a linha histórica de poder da França, e também daquela sobre os três mosqueteiros, seria “quem é o cardeal mencionado no título deste ponto?”.
O Cardeal é indivíduo chave nos três pilares do presente artigo (fato histórico, filme e livro). No estudo dos eventos reais, ele foi o principal articulador e organizador da monarquia francesa ruma ao Absolutismo. Desempenhou suas funções de maneira devota e, assim, foi reconhecido pela casa reinante. Por seus atos uma dinastia obteve o poder e o país recebeu seus contornos.
Na imaginação do autor francês, muito das características do Richelieu histórico é mantido. Mostrado como alguém comprometido com o seu país, tenta com seus atos se pautar no que crê ser o mais benéfico para o Estado e capaz de gerar uma solidez nacional centrada na figura do monarca. Nesta mídia, ele não é pintado com o espectro extremo de preto ou branco, mas sim o cinza de um sujeito com uma agenda em mente, em que o ponderar de alternativas leva em conta um fim.
Já na ficção mais moderna ele é um dos personagens principais, o antagonista. São características, tanto na esfera literária como na visual, a de governante poderoso, frio, calculista, dominador, e ambicioso, que ofusca, sempre que a oportunidade surge, o ingênuo rei.
Como a ótica do parágrafo anterior simplifica o religioso, o resultado é simples este foi feito para que o espectador o odeie. Contudo, o histórico e o literário agem de forma a sua visão de mundo se igualar à metáfora do caleidoscópio, não de fala em filtro de ótica, mas sim em prisma de ideologias. O que emerge para aquele que já ouviu máximas de política é se “os fins justificam os meios” cabem ao eixo de condução dele. Será que Richelieu leu Maquiavel? Provavelmente sim, ele além de estadista era um estudioso e as evidências são claras ou as conhecidências são absurdas (de tão similares os nortes adotados).
A sociedade do século XVII passava de terras com um lorde que ditava as leis para um governante que monopolizava o uso da violência. A figura dos senhores locais desvanecia para a de nobres na corte de um monarca. E este resultado era o objetivado pelo homem de Deus que o item presente trata. Ao analisar como a França fez a transição deste período parece seguir os passos estabelecidos por Maquiavel, os resultados foram a unificação da legislação, a direção restou nacional (inclusive quanto a religião), a diplomacia (e a guerra) recebeu foco (limitar a influência dos Habsburgo na Europa) e o poder estava centralizado na figura do príncipe/rei.
Mesmo com todo o revelado, o cardeal permanece cardeal, em alguns elementos ele retoma o ideal de uma realidade anterior, lembra pontos medievais. Richelieu defende, em seu Testamento político, a natureza divina do monarca. Mantém em mente, a necessidade de categorias de pessoas para a grandeza da França, que o rei mesmo determinado por Deus depende de seus nobres, da sociedade de corte, e, também, do povo. Fato que será comprovado pelo monarca sucessor, Luís XIV, ao travar combate com a liga dos Absburgos, em que já sem a figura de Premier Ministre, o sucessor de Richelieu – Cardeal Mazzarino – já havia morrido e o rei desempenhava a função de chefe de Estado e chefe de governo em toda a sua amplitude, necessitou do suporte popular para manter a máquina de guerra francesa abastecida.


3 A OBRA DE ALEXANDRE DUMAS: “UMA POR TODAS...”.

O livro escrito por Alexandre Dumas, Os três mosqueteiros, é parte da trilogia conhecida como estórias de D’Artagnan. A obra mencionada é apenas o primeiro capítulo da vida do herói. As seqüências são os volumes intitulados Vinte anos depois e O Visconde de Bragelonne. Todavia, deve-se mencionar que de início D’Artagnan não é um mosqueteiro, o opúsculo narra o percurso do jovem para se tornar um e como ele forma um vínculo de amizade com três homens já mosqueteiros do rei, e por alguns tidos como os melhores.
Dumas fisga o leitor ao narrar o sonho de um jovem. O jovem vindo de uma família nobre que se encontra empobrecida consegue por seu pai uma carta de recomendação escrita pelo capitão de uma das companhias de mosqueteiros da guarda (dado o fato de serem conterrâneos).
Porém, seria tudo muito simples e é assim que o acaso se faz presente. Acaso é encontrar uma comitiva de um nobre vestido de preto e que ostenta na face uma cicatriz. As pessoas e o nobre insultam o jovem graças a cor do cavalo do mesmo. A necessidade do homem da época retumba, só o duelo limpará a honra. Derrota D’Artagnan é pilhado seu dinheiro e a carta que levaria a realização de um sonho são levados. A trama tem os primeiros traços assentados, pois o nobre é o braço direito do cardeal Richelieu, o Conde de Rochefort. Isso desencadeia as peripécias do jovem, como ele se hospeda no Hotel Treville, conhece os futuros amigos e como se liga a rainha Ana da Áustria (e cai na trama do cardeal e seus espiões, vai a Londres, foge de uma bela assassina, a luta contra aquele que é contra a França – o Duque de Buckingham – e a obtenção do posto de oficial da guarda real).
Por todo o exposto, o interessante é notar que é uma visão de uma pessoa do século XIX sobre o século XVII. A política mostrada, apesar de constar os nomes de pessoas do passado, é, em real, um reflexo (e porque não uma crítica) dos acontecimentos de sua própria época, cuja orientação diplomática desencadeará duas guerras mundiais.

4 ADAPTAÇÃO PARA O CINEMA: “... TODAS POR UMA”.

Os trabalhos de Alexandre Dumas foram adaptados várias vezes para o cinema. Todavia a que teve mais versões foi Os três mosqueteiros, e cada uma delas teve seu ponto de distanciamento com a estória original, bem como o enfoque dado, incluso, aos personagens. Porém ao analisar o filme proposto, intenta-se mostrar que é uma visão do século XX, para algo feito no século anterior ambientado no século XVII.
A versão escolhida como base foi produzida pela Disney, e de tudo feito pela empresa zela por uma visão de mundo própria, de cunho maniqueísta. A visão explicita que há a luta do bem contra o mal, os opositores estão bem definidos pelos seus defeitos e qualidades. Mas, detalhe que não pode faltar, é o momento catártico, em que, no final, o último sempre perde.
Nesta estória as aventuras de D’Artagnan são recontadas, os anseios do rapaz são mantidos, entretanto, como o afirmado sobre a ótica do produtor, delimita-se os bons e os maus. E para fazer tanto, o período histórico não fica bem estabelecido, a inferência é feita pela dinâmica dos personagens centrais. Para enquadrar o clássico de Dumas para a grande tela, simplifica-se a trama e altera alguns pontos. Os mais gritantes contrastes estão na jornada do herói (desempenhada pelos quatro amigos), a acusação de traição dirigida ao cardeal, a demissão do cardeal pelo rei (tacitamente entendida pelo soco) e a redenção de D’Artagnan (no tocante a memória de seu assassinado pai) ao duelar e matar o cruel Rochefort.
Assim, ao refletir as necessidades de doutrinar segundo premissas maniqueístas, a obra cinematográfica reflete o mundo em mudança na época (fim do século XX). Ao manter a dualidade bem e mal fica explícita a questão que acaba de ser superada, a polarização mundial que até 1990 existia. Até o ano mencionado, de um lado estava os Estados Unidos e do outro a União Soviética, em que aquele que falava era o bom e o de que se falava era o mau. A diplomacia com múltiplos participantes, que havia no período de Dumas, ainda está para ser restabelecida por aqueles que não buscam colocar um inimigo para manter a polarização falam em hegemonia de uma única potência.


5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Quando se aborda temas sob a perspectiva de um filme sobre eventos históricos devem ser mantidos dois elementos em mente, o primeiro, filmes estão intimamente comprometidos com a finalidade de entretenimento, e segundo, o anacronismo, em que valores atuais são transpostos para épocas passadas e todo o conjunto de valores existente à época é substituído ou questionado (com subseqüente juízo de valor – e declarado o adotado no passado sendo equivocado).
Por fim, ao examinar tanto as posturas políticas como a narrativa delas, vê-se que o homem está comprometido como uma estória e uma história. Porque as duas estão relacionadas com ideais, e nada melhor para externar uma ideologia do que a narrativa, e, principalmente, o que a narrativa tenta ocultar. O cardeal ao agir mostra como uma pessoa pode oficiar para a força do seu país, como ao usar de idéias (filosofia) se pode moldar a história, não para trás, mas sim para frente.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1995.

DUMAS, Alexandre. KUPSTAS, Márcia. Três Mosqueteiros. São Paulo: FTD, 2003.

GILBERT, Adrian. Enciclopédia das Guerras: conflitos mundiais através dos tempos. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2005.

HAHN, Fábio Ancré. A Perfeição do Político no Pensamento do Cardeal Richelieu (Revista Varia Scientia, v. 05, n. 09, p. 205 – 208). Cascavel: Unioeste, 2005.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Editora Revista dos tribunais, 1997.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Jardim dos Livros Editora, 2007.

PARKER, Geoffrey. Cambridge Ilustrated History of Warfare. Cambridge: Cambridge University Press, 1995.

PERRY, Marvin. Civilização Ocidental: uma história concisa. 2. Ed. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2002.

O que John Wayne tem a declarar para o dia de hoje.

"Encha a sua mão, seu filho da puta." (o ator como o personagem Rooster Cogburn).

Relatório Da Apresentação




Tema: A Filosofia Como Instrumento do Autoritarismo.




Relatório Individual.


No dia 20 de junho de 2008 o vídeo sobre o mencionado tema foi desvelado para o público composto pela turma do 2º ano de Filosofia da PUCPR, bem como o professor da matéria de Prática Profissional e convidados.


O material didático referente ao vídeo teve sua apresentação uma semana antes.


Da reunião dessas duas peças um mito veio a tona: A apresentação concomitante ao vídeo.


A primeira mostra do conjunto foi revestida de teatralidade mínima, uma vez que a intenção era só a exibição do vídeo. Mesmo assim, o grupo se fez presente com os trajes característicos.


O vídeo mostrou sua força, apenas pequenos detalhes foram apontados quanto à presença de música no momento da fala, o que poderia interferir na compreenção. Dado o objetivo estar mirado nas estrelas, dicas para aparar as arestas deste diamante bruto foram acatadas.




Dois meses depois, dia 20 de agosto de 2008. Após negociações com várias entidades, leia-se, Sinagogas, Igrejas cristãs de diferentes linhas e a Direção de Sociologia da PUCPR. Apenas o curso de Sociologia se mostrou bravo o bastante para embarcar nessa experiência intelectual.


O horário - 20:45. Campo de batalha - sala A25. O inimigo - a ignorância.


O grupo de alunos que idealizou a temática, João, Juliana e Petter, aliado aos acadêmicos de Sociologia empreenderam combate a este mal global (ignorância). A apresentação se deu como uma batalha de três frentes: o vídeo, o caderno de atividade e a exposição do grupo. Intercalando a fala dos palestrantes, devidamente imbuídos do espírito do pesquisado, o vídeo e relacionando com o colacionado na apostila o conteúdo foi passado em revista. Missão cumprida, a operação foi um sucesso.




Relatório do Grupo.


Com o intuito de transmitir o vídeo produzido, bem como o material (caderno) didático, intitulado “A filosofia como instrumento do totalitarismo”, a equipe B-52 se dispôs a apresentá-lo para um grupo com interesse sobre o tema proposto.
O primeiro lugar procurado para a apresentação foi uma sinagoga, visto que, a temática exposta na película é de total interesse, todavia não foi possível a apresentação do material, pois, segundo as sinagogas que foram entradas em contato, estas não possuíam um grupo para atividade deste gênero.
Dessa forma, o público escolhido para a apresentação do material filosófico foi o 2º período da turma de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. No dia 20 de agosto de 2008, na sala A-25, às 20h45min deu-se início a apresentação da mostra do filme filosófico: “A filosofia como instrumento do totalitarismo” (“será possível a filosofia capaz de “praticar” o mal?”).
Acolhimento e admiração. Admiração, característica marcante na face dos espectadores, pois com uma abordagem dinâmica que prendeu a atenção do início ao término da exposição permitiu uma interação específica entre o tema proposto e quem o assistia.
Afinal, o vídeo foi aceito de forma convincente e positiva? Segundo os comentários após a apresentação sim. Elogiaram a forma em que foi transmitido o vídeo (forma teatral + filme + comentários + caderno),e o que mais foi destacado no grupo foi a visão ampla dos acontecimentos históricos, não priorizando somente um lado, mas uma totalidade e multiplicidade de acontecimentos ( referência aos modelos contemporâneos de totalitarismo = nazismo e socialismo marxista).
Por fim, à luz da apresentação do vídeo perante um público diferente ao do convívio acadêmico de filosofia deixou uma possibilidade confortante ao grupo B-52. O tema escolhido para a confecção e elaboração do material didático teve o intuito de transmitir um alerta à sociedade atual, apontar que estes acontecimentos não cessaram, pelo contrário, o que instigou o grupo a saber mais sobre o assunto, e, ter a chance de transmiti-lo a públicos diferentes.